"Durante a pandemia, o mercado assistiu a uma queda significativa nas vendas de smartphones, uma vez que o focus da maioria dos consumidores e empresas foi adquirir computadores e tablets para fazer face às necessidades do trabalho a partir de casa", explica Francisco Jerónimo, vice-presidente da IDC na Europa para a área de dispositivos móveis.
Aliás, foram registadas "quedas de 18% em alguns trimestres", sublinha. Em 2021, adianta Francisco Jerónimo, "o mercado recuperou, apresentando um crescimento de 8,4%". Os consumidores e empresas que adiaram a substituição do smartphone durante a pandemia fizeram-no em 2021 e na primeira metade de 2022.
"Contudo, a taxa de penetração dos smartphones está já acima dos 85%, pelo que a performance desta categoria está relacionada com os ciclos de substituição de smartphones", verificando-se que este ciclo "abrandou na segunda metade do ano passado", já que os consumidores já tinham comprado um telemóvel novo, "o que levou a uma queda significativa nas vendas", justifica.
Além disso, no segundo semestre "a questão do aumento do custo de vida levou a que os restantes consumidores que ainda não tinham substituído o smartphone tenham adiado a decisão".
De acordo com a IDC, em Portugal a Samsung, com 42,3% de quota de mercado, liderava as vendas de telemóveis inteligentes, seguida da Xiaomi (23,3%) e da Apple (16,6%).
Numa análise dos últimos cinco anos, verifica-se que "apenas em 2021 se verificou uma subida do mercado de smartphones", cujo crescimento a IDC considera dever-se, "sobretudo, ao facto dos consumidores e empresas terem adiado a substituição do smartphone durante a pandemia".
Em 2018, as vendas de smartphones recuaram 5%, em 2019 a queda foi de 4,7% e em 2020 de 8%. Em 2021, o aumento das vendas foi de 8,4% e no ano passado recuaram 3,9%.
"O mercado tem estado em queda há já alguns anos. Como referi, a taxa de penetração dos smartphones está já acima dos 85% da população, pelo que qualquer venda seja uma substituição de terminal e não um novo utilizador. Por outro lado, as vendas de smartphones têm vindo a ser de valores cada vez mais elevados", salienta Francisco Jerónimo.
Por exemplo, o preço médio de venda dos smarphones subiu 19% entre 2018 e 2022. Questionado sobre o ano em que se vendeu mais smartphones em Portugal, Francisco Jerónimo aponta 2015. "As vendas de smartphones atingiram o pico de vendas em 2015 com três milhões de unidades vendidas ou 620 milhões de euros", diz.
Desde então, as vendas em unidades têm vindo a diminuir, com o valor a subir. "Apesar do melhor ano de sempre em unidades ter sido 2015 (...), as vendas ficaram muito abaixo do valor total em 2022", salienta o vice-presidente da IDC na Europa.
Vendas de smartphones 5G ultrapassam pela primeira vez as de 4G em 2022
Em 2022, "as vendas de smartphones 5G ultrapassaram as vendas de 4G pela primeira vez", refere o vice-presidente da IDC na Europa para a área de dispositivos móveis.
Aliás, "as vendas de 5G já representam 58% das vendas totais de smartphones", percentagem que "continuará a aumentar nos próximos anos, com as vendas de dispositivos de quinta geração a "representarem 95% das vendas totais em 2027", acrescenta.
Por exemplo, o preço médio das vendas de smartphones 5G (535 euros em 2023) "é quatro vezes maior que dos dispositivos (130 euros em 2023, e assim se manterá nos próximos anos", refere Francisco Jerónimo.
No ano passado, o mercado de telemóveis inteligentes "valeu 934,30 milhões de euros" e "em 2023 estimamos que chegue aos 933,86 milhões de euros", estima o responsável.
Apesar de esperar uma queda nas unidades vendidas, "o preço médio continuará a subir" – cerca de 2,3% -, "pelo que o valor total do mercado manter-se-á nos 934 milhões de euros".
Questionado sobre as perspetivas de vendas para este ano, refere que a IDC estima "uma queda de 2,3% nas unidades vendidas, ou 381 milhões de euros", devido ao abrandamento da procura por ter terminado o ciclo de substituições e o aumento do custo de vida, embora o preço médio continue a aumentar.
Quanto às marcas que lideram este segmento, o vice-presidente da IDC na Europa diz não estimar uma alteração no top 3 do ranking.
"A Samsung continuará a liderar o mercado, a Xiaomi consolidará a sua posição com uma aproximação maior à Samsung e a Apple continuará numa confortável terceira posição e a liderar o segmento de alta gama", afirma o responsável.
Instado sobre se prevê que o smartphone seja substituído por outro tipo de dispositivo no futuro, Francisco Jerónimo diz que "nos próximos cinco anos" tal "não se perspetiva".
"Continuaremos a verificar uma contínua evolução destes dispositivos em termos de software – continuarão a tornar-se mais inteligentes e a ser o comando central para muitos outros dispositivos nas nossas vidas (smart home devices, carro, entre outros)", prossegue o responsável.
No que respeita ao hardware, "iremos assistir a uma adoção crescente dos smartphones desdobráveis à medida que a oferta aumenta, os preços diminuem e os utilizadores reconhecem o benefício de ter num só dispositivo um telefone e um tablet", antecipa.
Em termos gerais, "estamos a muitos anos de verificarmos que o smartphone é um dispositivo do passado", remata.
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