No segundo trimestre deste ano, as vendas de smartphones na Europa caíram 9% para 28,7 milhões de unidades, fazendo da região aquela que teve a pior performance de vendas a nível global. Os dados, apurados pela Canalys, do grupo Omdia, voltam a apontar constrangimentos na procura associados à incerteza económica, como o principal fator para a procura controlada de novos equipamentos na região.

"Os intervenientes na indústria europeia de smartphones tiveram um primeiro semestre de 2025 difícil, marcado por uma procura fraca dos consumidores e por estratégias conservadoras de inventário”, destaca Aaron West, analista sénior da Omdia.

A consultora também sublinha o impacto da diretiva do ecodesign, que entrou em vigor em junho mas que nos meses antes já terá influenciado o mercado europeu e as vendas dos players que trabalham na região. Vários operadores começaram mais cedo a comprar apenas equipamentos conformes com as novas regras.

A Canalys/Omdia constata igualmente que embora 87% das vendas no trimestre tenham ficado com os cinco maiores fabricantes, a concorrência continua aguerrida e é especialmente forte nos canais de venda indiretos das marcas, como os operadores. Continuam a ser parceiros fortes nesta área e a pressionar margens.

Para a segunda metade do ano, as perspetivas são mais animadoras. As vendas devem aumentar, mas uma recuperação mais significativa só é esperada em 2026. “O mercado europeu de smartphones está a passar por um período difícil, mas prevemos que o crescimento regresse em 2026, impulsionado pela substituição de dispositivos de gama baixa e pelo amadurecimento das propostas de IA”. Até 2029, no entanto, a Canalys /Omdia estima que o mercado de smartphones não irá crescer mais de 1,7%.

Samsung reduz vendas mas segura quota de mercado e liderança

Por fabricantes, a Samsung manteve a liderança de vendas na Europa e a quota de mercado de 36%. Vendeu 10,3 milhões de unidades no trimestre, um número que chegou para segurar o primeiro lugar de vendas, mesmo representando uma queda de 10% face a igual período do ano passado.

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Um dos fatores a contribuir para a performance mais fraca da fabricante sul-coreana na Europa terá sido a impossibilidade de vender o seu novo Galaxy A06 na região, por não cumprir os requisitos da nova norma do ecodesign.

A Apple foi a segunda fabricante com mais vendas de smartphones entre abril e junho na Europa e também reduziu o número de unidades vendidas na comparação com o período homólogo: menos 4%, para 6,9 milhões de unidades expedidas para as lojas.

A Xiaomi fecha o top 3, também a cair 4% e com 5,4 milhões de unidades vendidas, salva por um aumento de vendas na ordem dos 50% em Itália, que ofuscou as perdas noutros mercados da região. Motorola e Honor surgem nas posições seguintes, com quotas de 18% e 11%, respetivamente, que correspondem a 1,5 milhões e 900 mil smartphones expedidos.