A Vivo focou recentemente as suas operações em Portugal, com o lançamento oficial de cinco modelos de smartphones, prometendo mais novidades para breve. A fabricante apresentou hoje o reforço da sua parceria com a Zeiss, uma das maiores especialistas em imagem digital para câmaras fotográficas. O objetivo é reforçar a parceria, depois dos modelos Series X70 Pro+ (que ainda não foi lançado na Europa), além de ainda ter na calha o Vivo X Fold, o seu primeiro modelo dobrável, para já apenas lançado na China, mas também reforçado com as lentes da Zeiss.

Durante o evento Xpert Talk, a marca salientou a importância de criar produtos com a assinatura da Zeiss, no que diz respeito à sua calibração de cores e o seu sistema do modo moldura. Mas a palavra foi dada à sua parceira tecnológica para as lentes dos seus futuros smartphones, que explicou todo o processo de controlo de qualidade imposto às empresas que utilizam os seus produtos.

Uma experiência com 175 anos no mercado  

Oliver Schindelbeck, Senior Smartphone Technology Manager, Mobile Imaging, da Zeiss, esteve presente no webinar para partilhar os desafios e a evolução da marca, no domínio das lentes, que conta com 175 anos no Mercado. A empresa foi fundada em Viena, no século XIX, focada em sistemas óticos, microscópicos e outros equipamentos.

A Zeiss é uma empresa global, com uma receita avaliada em 7,5 mil milhões de euros, presente em 50 países e com mais de 35 mil colaboradores espalhados pelo mundo. Tem uma média de 580 patentes por ano, fruto do investimento de 812 milhões em R&D, que corresponde a 13% das suas receitas.

Oliver Schindelbeck
Oliver Schindelbeck Oliver Schindelbeck, Senior Smartphone Technology Manager, Mobile Imaging, da Zeiss. créditos: CARL ZEISS AG

No que diz respeito à sua evolução como lentes para fotografia, começou por utilizar a famosa Pinhole Camera, que consistia numa lente dentro de uma caixa, em que a luz entrava por um pequeno orifício. Em 1902 lançou a primeira lente Tessar, pequena e leve o suficiente para ser carregada por qualquer lado. A empresa alega que esta foi uma das primeiras câmaras fotográficas móveis. Ao longo dos anos, a empresa foi adicionando sistemas mais complexos, com mais lentes, satisfazendo as necessidades atuais de camaras telescópicas ou ultra grandes angulares.

Os smartphones atuais têm módulos com quatro a cinco câmaras, o que significa uma arquitetura arrojada no que diz respeito às suas lentes. A empresa diz que a sua fundação de qualidade é iniciada muito antes do respetivo hardware ser construído. A Zeiss qualifica os seus parceiros depois de uma análise a produção, controlo de qualidade, capacidade de produção dos parceiros, assim como a definição dos parceiros.

Rigor na calibração das lentes fotográficas

O rigor imposto pela fabricante de lentes digitais obriga a manter uma monitorização, que se prolonga ao longo da construção dos equipamentos que vão receber os seus produtos de imagem. Cada componente dos equipamentos é verificado, utilizando as suas ferramentas no processo. A empresa controla, mede, define todas as propriedades de performance dos equipamentos, durante as suas fases de construção, como por exemplo, a distorção de imagem, as sombras e outros parâmetros.

São utilizadas referências e comparadas com as suas métricas através de uma simulação visual que ajuda a compreender melhor a qualidade dos elementos da imagem. As medições feitas nas simulações permitem dessa forma afinar a qualidade dos produtos aos padrões que a Zeiss impõe aos seus parceiros.

Veja na galeria imagens do Vivo X70 Pro

Outro elemento que a otimização das lentes permite é a redução de “ghosting”, como parte dos artefactos que podem ser gerados, por exemplo, através de efeitos de lens flare, ou seja, quando a câmara está exposta diretamente à luz do Sol. A Zeiss tem sistemas de otimização que balanceiam os reflexos, reduzindo uma grande percentagem da quantidade de luz que é transmitida. O seu método de digital twins trata-se de uma simulação de luz direcionada à imagem, para que os técnicos possam afinar a quantidade de reflexos que são projetados nas imagens. Esta técnica, utilizada sobretudo no cinema, chegou aos smartphones.

A Zeiss aprimorou também o seu sistema de cobertura ótica, reduzindo os reflexos no vidro de 4% nos sistemas sem proteção para 0,5% com a sua solução. A empresa tem vindo a otimizar as suas lentes desde 1935, com a introdução da patente T-coating para microscópios, tendo evoluído em todos estes anos, passando por sonares nos anos 1940/50, até aos sistemas de smartphones atuais.

Zeiss
Zeiss créditos: CARL ZEISS AG

Para exemplificar o seu sistema de otimização de lens flare, foi captada uma imagem com um Vivo X50 Pro em comparação com o X60 Pro com o sistema Vario-Tessar da Zeiss ativo e a diferença é notória, no que diz respeito à redução dos reflexos quando se fotografa elementos expostos diretamente ao Sol.

Em 1846, cada microscópio era inspecionado diretamente por Carl Zeiss, o fundador da empresa e caso não estivesse satisfeito com a otimização do equipamento este usava o seu martelo para destrui-lo. Um gesto simbólico que significa o controlo de qualidade rigoroso que a empresa sempre foi conhecida. Atualmente, felizmente, a tecnologia permite construir instrumentos que ajudam a aferir os seus produtos.

O sistema tem três fases, a validação e teste de engenharia, com base nos primeiros protótipos, seguindo o desenvolvimento principal, com a performance do hardware e software, e por fim, a fase final de polimento dos seus elementos. A Zeiss tem cerca de 20 parâmetros de qualidade de imagem necessários a cumprir, utilizando cerca de 150 módulos de câmaras, mais de 5 mil imagens de teste por cada modelo de smartphone candidato a receber a sua certificação.

Os efeitos bokeh, a correção de cor, balanceamento de brancos, de forma a criar imagens com uma grande fidelização de cores, são elementos que a sua tecnologia também trabalha. A correção de cor é também trabalhada para oferecer as imagens mais fieis ao que os nossos olhos. “Não acreditem em tudo o que veem como resultado nas câmaras, porque a maioria são trabalhadas para obterem melhores cores, salientando os objetos”, concluiu Oliver Schindelbeck no seu webinar.

Salienta ainda que futuramente, talvez se veja mais uma ou duas tecnologias aplicadas às lentes para câmaras fotográficas, entre elas o efeito de “olho de peixe”. Mas não se admira de ver num futuro novos conceitos para aqueles que estão atualmente estabelecidos.