Para quem ainda não percebeu que a indústria dos videojogos e a cultura do gaming são elementos sérios, basta meter os pés na Lisboa Games Week, o maior evento do género realizado em Portugal. Prevê-se que até ao próximo domingo passem pela Feira Internacional de Lisboa cerca de 50 mil pessoas.

E já ontem, 5 de novembro, milhares acorreram ao pavilhão 4 da FIL. Para uma quinta-feira de trabalho e escola estava tudo estranhamente movimentado. Mas a questão é mesmo essa: os videojogos estão a movimentar mais massas do que nunca.

Apesar de haver inúmeras atrações, algumas conferências, dezenas de jogos e consolas, não pude deixar de reparar que as experiências de realidade virtual estavam a chamar a atenção de muitas pessoas. Muitas mesmo. Não quis ficar de fora e também fui espreitar a ‘realidade virtual’ da Lisboa Games Week.

Uma das experiências é visualmente rica e sonoramente preenchida. O projeto ainda não tem nome pois Reinier Vens tem-se dedicado a melhorar o seu trabalho em VR e não propriamente ao batismo do conceito.

O holandês que é investigador no Instituto Politécnico do Cávado e do Ave está a usar os Oculus Rift para desenvolver o seu projeto e o grande objetivo é contrariar o sedentarismo que a própria Oculus aconselha para o seu equipamento

A experiência em si é uma cidade digital que o utilizador vê a partir de uma perspetiva superior. Quando se aperceber, estará no meio de um espetáculo de fogo de artifício digital que está sincronizado com uma música eletrónica. Algo parecido com isto:

Este é o objetivo principal do trabalho de Reinier Vens, trabalhar a parte do som, da análise da música integrada em ambientes digitais de realidade virtual. Diferentes efeitos sonoros têm repercursão direta nos efeitos visuais e isso é algo que pode ter uma grande aplicabilidade na criação de experiências mais imersivas.

Em conversa com o TeK o holandês explicou que durante um mês trabalhou de forma afincada na experiência que trouxe até à LGW15, mas que esse é um trabalho que está em evolução. “É pena que não possas vir no sábado, isto [experiência VR] vai estar muito melhor e ias gostar muito mais”, sentenciou quando nos despedimos.

Umas ‘barracas’ mais acima fui encontrar um projeto com o qual me cruzei há pouco tempo - já falei do Ubiquosity, mas ainda não o tinha experimentado. Mas entre colocar o capacete na cabeça e começar a jogar precisei de passar cerca de cinco vezes no mesmo sítio, tal era a curiosidade que atraía os visitantes.

Quando chegou a minha vez, acabei por defrontar um rapaz com quem troquei umas palavras enquanto esperávamos na fila. No final levou ele a melhor, tendo-me matado - virtualmente claro - mais vezes do que eu a ele.

E num jogo de tiros, como aquele que a Ubiquosity apresenta, é assim que se sabe quem ganha. Podem jogar até três pessoas em simultâneo, mas Carlos Brotas, um dos mentores do projeto, explicou que se houver material para isso, podem jogar até 100 pessoas ao mesmo tempo.

A experiência é bastante intensa. Na prática somos transportados para dentro de um jogo estilo CS Go, mas com gráficos mais básicos. No entanto destaca-se a fluídez conseguida pelos programadores portugueses. Quando tirei o capacete estava a suar e com o meu cérebro desorientado - não era para menos, durante cinco minutos abandonei a realidade à qual está habituado.

Ainda há muito por limar no MataMata da Ubiquosity - mas hey, quem faz os seus próprios óculos VR com um tablet e um capacete de esqui merece um desconto, certo?

Mas se é para falar de produtos profissionais, de fio a pavio, então o PlayStation VR é uma experiência obrigatória. A vontade de ter acesso ao novo produto da Sony é tão grande que até há uma lista de marcações.

Sobre o PlayStation VR não me vou adiantar muito - por agora, pois ainda hoje tenciono detalhar como foram as primeiras impressões com estes óculos de realidade virtual.

Para deixar bem clara a qualidade do produto que a Sony apresenta, assim como da demonstração London Heist, posso dizer que do que já usei de realidade virtual - Oculus Rift, Gear VR, Google Carboard - é de longe o melhor. E parece-me que também é aquele que neste momento tem mais condições para tornar a VR em algo sério, algo que vai de facto abanar com o mundo dos videojogos e dos conteúdos digitais.

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Como pode ver, não só estará a entrar num mundo ‘estranho’ caso não tenha uma relação aos videojogos, como ainda pode explorar novos mundos dentro desse mundo que é a Lisboa Games Week.

Rui da Rocha Ferreira