O que têm em comum os problemas de fala, a análise de imagens de mamografia e a previsão de inundações? São todos problemas que afetam a vida das pessoas e que podem ser resolvidos através da tecnologia, ou pelo menos melhorados. É para isso que trabalham alguns inventores da Google, que hoje mostraram num evento para um grupo restrito de jornalistas internacionais, os projetos em que têm trabalhado, e que têm na base a tecnologia de inteligência artificial e machine learning.
Um dos projetos é o Project Relate, onde Julie Cattiau e Aubrie Lee estão a usar os motores de reconhecimento de voz e a assistente digital para ajudar pessoas com dificuldade de comunicação.
Aubrie Lee trabalha na Google e nasceu com uma distrofia muscular que afeta a forma como fala, e por vezes tem dificuldade em fazer-se entender. A sua experiência foi o ponto de partida para o projeto desenvolvido com a linguista Julie Cattiau e que poderá ajudar pessoas com Parkinson ou a recuperar de um AVC, a comunicar melhor.
Uma aplicação semelhante ao Tradutor da Google pode ser treinada para reconhecer as particularidades do discurso de um determinado utilizador e depois “traduzir” para um formato normalizado, facilmente percetível pelas outras pessoas.
Para já a aplicação está em modo beta junto de um conjunto reduzido de utilizadores com problemas de comunicação, e ainda apenas em inglês, mas o objetivo é alargar a sua utilização de forma global, e também a mais línguas.
A utilização de inteligência artificial é também a base de um projeto na área da saúde que pretende tornar mais rápido o reconhecimento de lesões em mamografias, ajudando a identificar sinais de cancro em estágios iniciais, do qual já tínhamos falado no SAPO TEK. O programa de investigação está a ser desenvolvido em parceria com o Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido e Alan Karthikesalingam admitiu na conferência que poderá ser utilizado noutras doenças oncológicas, e com outros meios de diagnóstico para além da mamografia.
O projeto teve acesso a mamografias de mais de 50 mil mulheres e alguns pacientes foram envolvidos na primeira fase da investigação. O objetivo agora é tornar o sistema de inteligência artificial em produto final para ser usado no sistema de saúde.
“Esta tecnologia é muito útil também para ultrapassar a falta de técnicos de diagnóstico em muitas zonas e países mais pobres”, afirmou Susan Thomas, uma das “inventoras” por detrás da iniciativa da Google.
Na conferência foi ainda apresentado o projeto de previsão de inundações que Sella Nevo explica que já está a funcionar para alertas de 2 dias mas que poderá ainda ser melhorado para emitir avisos com 5 dias de antecedência em relação a inundações e deslocação de lama.
O desenvolvimento do modelo começou em 2018 e já cobre parte da Índia e do Bangladesh, cobrindo uma área com 220 milhões de pessoas. A informação integra a iniciativa de resposta a crises da Google, que está ativa de forma automática no Google Maps e na pesquisa para alertar as pessoas, sem que tenham de fazer nenhuma opção.
A Google trabalha também com ONGs para que os alertas cheguem a pessoas qie não têm acesso à internet ou a smartphones.
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