A procura de água naquele que é considerado o planeta do Sistema Solar mais parecido com a Terra tem sido uma demanda por parte da comunidade científica, mas, após muitos anos de dúvidas, a confirmação da existência de água líquida no planeta vermelho parece ter chegado pelo radar da sonda europeia Mars Express.

Investigadores italianos divulgaram na revista científica Science o resultado de sinais recolhidos durante três anos e que indicam que Marte pode ter um lago de água salgada de 20 quilómetros de largura no sub-solo, o qual é similar  aos grandes lagos de água líquida encontrados debaixo do gelo da Antártida e da Gronelândia.

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No entanto e embora considere que o “ponto brilhante visto nos dados do MARSIS (Mars Advanced Radar for Subsurface and Ionosphere Sounding) é uma caraterística incomum e extremamente intrigante”, a NASA preferiu adotar uma postura mais contida em relação à suposta descoberta.

A agência norte-americana defende que são necessários mais dados que comprovem a interpretação que a equipa italiana do MARSIS deu ao “ponto brilhante detetado por sinais de radar a cerca de 1,5 quilómetros  abaixo da superfície da calota de gelo da região de Planum Australe”, o pólo sul do planeta Marte.

Jim Green, cientista-chefe da NASA, afirmou que se deverá usar outros instrumentos para estudar aquilo que os autores do estudo interpretaram como água líquida.

Um desses instrumentos, o módulo InSight da NASA, estará no planeta vermelho já no fim deste ano e vai incluir uma sonda térmica que escavará até cinco metros abaixo da superfície de Marte. A sonda, construída pelo Centro Aeroespacial Alemão (DLR), fornecerá dados cruciais sobre a quantidade de calor que escapa do planeta e onde poderá existir água líquida perto da superfície.

Recorde-se que, em 2016, investigadores da Universidade do Texas descobriram depósitos de gelo sob a superfície rochosa de Marte que podem funcionar como um reservatório de água para os futuros colonizadores humanos.

No entanto, a descoberta do lago de água salgada a 1,5 quilómetros da superfície e com 20 quilómetros de diâmetro “traz novas possibilidades para a busca de micro-organismos no ambiente marciano", disse Elena Pettinelli, investigadora da Universidade de Roma, citada pelo jornal La Vangardia.