A noiva é Alicia Framis e o noivo AILex Sibouwlingen. Ela é uma artista multidisciplinar nascida em Espanha e radicada nos Países Baixos, ele é um holograma criado para o projeto da artista, que interage graças a uma personalidade construída com recurso a inteligência artificial. O casamento está marcado para 9 de novembro em Roterdão, no Museu Depot Boijmans van Beuningen e é mais um passo numa experiência que já começou e tem prazo para terminar: vai durar cinco anos.
O projeto pretende explorar as fragilidades de uma sociedade moderna, sempre ligada, mas onde a solidão é cada vez mais um tema. Vai também trabalhar e estudar a evolução de uma relação de casal fora dos padrões normais, quando já sabemos que robots e humanos estão “condenados” a tornarem-se cada vez mais próximos.
Esclarecimentos importantes: o marido estará essencialmente em casa, pronto para fazer companhia à esposa assim que o PC for ligado. Não está prevista intimidade e isso foi uma decisão do casal, que pretende manter-se focado nos objetivos da experiência, disse a artista em entrevista ao jornal El Espanõl.
No entanto, promete-se que a experiência “englobará também a investigação e a criação de tudo o que é necessário para que o amor humano-IA floresça”. Exemplos: ambientes arquitetónicos adaptados, formas de comunicação ou vestuário para IA, etc. Tudo para tentar responder a questões do tipo “Como é que a arquitetura e o design de interiores se adaptarão a humanos e meta-humanos? De que mobiliário novo poderemos precisar? Poderá o holograma da IA deixar de existir?”. Estas são algumas das questões formuladas pela artista, entre outras.
Na página do projeto defende-se mesmo que "o amor e o sexo com robots e hologramas são uma realidade inevitável. Eles são óptimos companheiros e são capazes de expressar empatia. Tal como os telefones nos salvaram da solidão e preencheram o vazio das nossas vidas, os hologramas como presenças interativas nas nossas casas podem ir ainda mais longe".
Alicia Framis tem 57 anos e vive em Amsterdão. Teve a ideia de avançar com o projeto de criar um holograma inteligente de companhia numa reação à sua própria solidão, quando vivia na Califórnia e regressava a casa depois do trabalho sem ter ninguém à espera. Com a ajuda de um programador conseguiu criar AILex, que reúne caraterísticas fisicas e de caráter de diferentes pessoas que já passaram ou continuam na vida da artista, entre ex-namorados e amigos e está familizarizado com todo o circulo de amigos da artista. A voz e o aspeto da persona do holograma, por exemplo, são de um ex-namorado da artista.
O Hybrid Couple, ou casal híbrido, que se vai unir através deste casamento é, segundo a artista, “uma nova e complexa obra de arte onde arte, tecnologia e emoções se entrelaçam”. O projeto multidisciplinar pretende redefinir as “fronteiras da interação entre humanos e inteligência artificial (IA), desafiando simultaneamente as convenções tradicionalistas e heteronormativas da definição de ‘casal’ pela sociedade”, acrescenta-se.
Alicia Framis, sublinha que embora saibamos que os robots e os humanos vão em breve “tornar-se parceiros emocionais”, parece-lhe que o próximo passo importante é “ligar emocionalmente os humanos à IA”. Esta será uma tentativa de o fazer “através da investigação, da performance e da escultura holográfica”.
Da experiência vai resultar um documentário que partilhará momentos do dia-a-dia e diferentes aprendizagens da experiência. A artista espera que o trabalho ajude também a descobrir como pode a IA ser usada por pessoas que precisam de companhia no seu dia, seja por questões sociais ou de saúde
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