O projeto assenta num algoritmo capaz de reproduzir os sinais elétricos gerados pelo cérebro, responsáveis por transformar as memórias de curto prazo em memórias permanentes. Neste caso, materializa-se no implante cerebral de um chip, ligado a elétrodos e a um computador.

Para construir o algoritmo foram usados os dados recolhidos de uma experiência que envolveu pessoas com epilepsia, com elétrodos ligados ao hipocampo, um dos centros cerebrais da memória, para evitar o surgimento de convulsões. 

O método permite contornar a região danificada ou doente do cérebro, embora não exista forma de “ler” essa memória. “É como se conseguíssemos traduzir de Espanhol para Francês sem conhecermos nenhuma das línguas”, explicou recentemente Ted Berger, da Universidade do Sul da Califórnia, que lidera a equipa de investigadores, citado pelo The Finantial Times.

Contando igualmente com neurologistas do Wake Forest Baptist Medical Centre, o projeto foi desenvolvido nos últimos 10 anos com o apoio da DARPA, a agência para a investigação de projetos avançados para a defesa, nos Estados Unidos e tem como primeiros destinatários os veteranos de guerra americanos que ficaram com a memória afetada.

De uma forma mais generalizada, os investigadores pretendem que o chip seja uma forma de dar resposta a pessoas com lesões cerebrais ou doenças neurodegenerativas que afetam irreversivelmente a memória, como a doença de Alzheimer.

O protótipo foi testado com sucesso em ratos e macacos, anunciou a equipa no encontro anual da IEEE -Engineering in Medicine and Biology Society em Milão, e neste momento já está a ser testado em humanos.