Conhecido como "cometa do século", o C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) volta a ganhar destaque à medida que fica mais perto da Terra. Descoberto no início de 2023 por dois observatórios - o Tsuchinshan, na China, e o ATLAS, no Havaí -, passou pelo seu ponto mais próximo do Sol no final de setembro e agora, “vem em direção” ao Planeta Azul, numa viagem que deverá ter a sua aproximação máxima a 13 de outubro. Bem, mais dia menos dia, porque estes corpos celestes são imprevisíveis, avisam os astrónomos.

Nas últimas semanas vários “observadores de estrelas” conseguiram vislumbrar o C/2023 A3 e registaram o momento para a posteridade, como é o caso do autêntico "photobomb", em que o cometa serviu de cenário de fundo numa sessão de fotos de pré-casamento, no Brasil.

O responsável pelo registo já contava com o “convidado especial”. O momento foi planeado uma vez que o fotógrafo já monitorizava o astro há algum tempo e sabia da passagem do mesmo por Icapuí, cidade do Ceará, o que levou os noivos a escolherem o local.

Antes, os astronautas da NASA Matthew Dominick e Don Pettit, a bordo da ISS, também já tinham captado fotografias e feito um vídeo em time lapse do cometa que na altura já era visível a olho nu no hemisfério Sul.

Veja o vídeo

Histórias curiosas à parte, astrónomos amadores e profissionais de diferentes partes do mundo têm partilhado imagens nas redes sociais que mostram o cometa a brilhar com a sua cauda de gás e poeira.

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O C/2023 A3 pode atingir uma magnitude visual estimada em torno de 0 a -5 - a escala utilizada para medir o brilho dos corpos celestes, indica que quanto menor a magnitude de um corpo celeste, mais brilhante aparece no céu. Dependendo das condições, poderá tornar-se até mais brilhante do que Vénus no céu. Tal caraterística levou alguns a chamá-lo de "cometa do século", sugerindo um espetáculo astronómico marcante.

Astronautas a bordo da ISS captam cometa Tsuchinshan-ATLAS como nunca antes visto
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Apesar da grande expectativa, os especialistas lembram que o comportamento de cometas é bastante imprevisível, e fenómenos como fragmentação ou dispersão de material podem alterar o brilho que irradiam. Mesmo assim, se mantiver sua integridade, acredita-se que o C/2023 A3 possa ser um dos mais brilhantes dos últimos tempos.

Refira-se que o apelido de "cometa do século" foi usado antes para outros cometas com potencial de grande brilho, mas nem todos corresponderam às expectativas. Exemplo recente foi o cometa ISON, em 2013, que prometia um grande espetáculo, mas acabou por se desintegrar quando ficou mais próximo do Sol.

O C/2023 A3 segue uma órbita bastante elíptica, o que indica que possivelmente veio de uma região remota do Sistema Solar, da nuvem de Oort. Alcançou ponto de maior aproximação ao Sol, o periélio, no final de setembro, quando estava a cerca de 0,39 unidades astronómicas (UA) do Astro-Rei - pouco menos da metade da distância entre a Terra e o Sol.

Agora prevê-se que faça a máxima aproximação à Terra a 13 de outubro, mais dia menos dia, passando a cerca de 0,46 UA do nosso planeta, aproximadamente 69 milhões de quilómetros.

Os especialistas alertam, contudo, que o fenómeno poderá acontecer mais cedo e o cometa brilhar mais intensamente nos dias anteriores, nomeadamente a 9 de outubro. A questão sobre os cometas é que, quanto mais perto estão da Terra e do Sol, mais brilhantes ficam, mas nem sempre o ponto de aproximação máximo é o momento mais brilhante, explicam.

Viajando a mais de 290 mil km/h, o C/2023 A3 vai continuar a sua jornada pelo Sistema Solar após passar pela Terra. Perdida esta oportunidade, só poderá ser visto daqui a 80 mil anos.