Dois astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS na sigla em inglês) estão a acompanhar o movimento de um cometa que se está a dirigir para o Sol e a fotografar e a partilhar o momento com a população em Terra.
Matthew Dominick e Don Pettit, astronautas da NASA, a bordo da ISS captaram fotografias e vídeos (time lapse) do cometa que já é visível a olho nu no hemisfério Sul e que poderá ser visível no hemisfério norte a partir de 10 de outubro.
Os dois astronautas da NASA já se tornaram conhecidos pelas fotografias que tiram a partir da estação espacial e agora estão a monitorizar o cometa C2023-A3 (Tsuchinshan-ATLAS), também conhecido como o "cometa do século", há uma semana e a partilhar as suas imagens nas redes sociais.
Matthew Dominick fez um vídeo e acompanha-o com uma explicação, no post publicado na X: “A cauda do cometa é visivelmente mais longa a cada dia que passa”. Acrescenta que “pode ver-se que a cauda do cometa parece estar a curvar-se. A atmosfera é mais densa quanto mais nos aproximamos da Terra. As alterações na densidade da atmosfera mudam o índice de refração e, assim, fazem com que a cauda do cometa pareça curvada”.
O vídeo é na realidade um conjunto de fotogramas (oito frames por segundo), explica o Matthew Dominick. Foram captadas com lentes de 200 mm com uma exposição de 1/8 de segundos, com cerca de cinco minutos entre cada fotografia. No vídeo, o movimento para cima é causado pela posição estática da câmara e pela órbita da estação espacial em relação à Terra a 17.500 mph.
Veja na galeria imagens captadas pelos astronautas a bordo da ISS:
Por seu lado, Don Pettit diz na sua conta X que “é absolutamente extraordinário ver um cometa a partir da órbita”. A perspetiva de estar acima da atmosfera é “verdadeiramente única”. E acrescenta: “a cauda do cometa ainda é demasiado ténue para ser vista com os nossos olhos, mas está a dirigir-se para o Sol e a ficar mais brilhante todos os dias”.
Dada a distância, Matthew Dominick utilizou geometria orbital para saber para onde apontar a câmara.
Além do cometa, os astronautas atualmente a bordo da estação espacial tiveram nos últimos tempos a oportunidade de assistir a uma aurora boreal e a um eclipse solar. Matthew Dominick também fez um timelapse do planeta e pediu ajuda para identificar uma luz vermelha na Terra.
O cometa Tsuchinshan-ATLAS é neste momento visível no céu matinal na Austrália e na Nova Zelândia. Se, de facto, se tornar mais brilhante nos próximos dias, as possibilidades de observação a olho nu aumentarão, incluindo para o hemisfério norte. Os cientistas apontam que a partir de hoje, dia 27 de setembro até à última semana de outubro o cometa será visível, sendo que o seu ponto mais brilhante está previsto para o dia 2 de outubro. Aponta-se uma janela ideal para o observar entre as 5 e as 7 da manhã. Com sorte, poderá ser possível observar o cometa a olho nu, mas deverá procurar locais sem elevada poluição luminosa, tais comos as cidades, assim como zonas elevadas.
Veja na galeria imagens mais distantes do cometa Tsuchinshan-ATLAS:
O Tsuchinshan-ATLAS, foi descoberto em 2023 pelo Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System (ATLAS) e pelo Observatório Chinês de Tsuchinshan (Observatório da Montanha Púrpura da Academia Chinesa de Ciências), em simultâneo. Inicialmente foi confundido com um asteroide, mas foi rapidamente reclassificado como um pequeno cometa que viaja em órbita retrógrada em torno do Sol, isto é, na direção oposta à da maioria dos planetas e asteroides.
Segundo o site Space.com, “o cometa Tsuchinshan-ATLAS terá origem na Nuvem de Oort, uma região teorizada do espaço que rodeia o nosso sistema solar e que ainda não foi diretamente observada. Acredita-se que seja uma vasta concha esférica de corpos gelados, incluindo cometas, para lá da órbita de Neptuno".
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