É certo que os robots humanoides não são propriamente uma novidade, veja-se a Sophia, a criação da Hanson Robotics que rapidamente se tornou numa sensação no mundo da robótica. E um autómato fosse programado para ser um artista e libertar a sua criatividade? Este é o caso de Ai-Da: uma robot humanoide que já está a demonstrar aquilo que é capaz de fazer numa nova exposição no Museu do Design em Londres.
A Ai-Da apresenta-se como a primeira "artista humanoide ultra-realista" e tem um aspeto que faz jus à sua descrição, com penteados por vezes arrojados e roupas estilosas. O seu nome presta homenagem a Ada Lovelace, uma das pioneiras na história da informática, e a humanoide foi desenvolvida ao longo de dois anos pela britânica Engineered Arts, contando com uma equipa de programadores e de especialistas em robótica, arte e psicologia.
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A humanoide apresentada em 2019 está equipada com um par de câmaras e que funcionam como os seus olhos e que estão ligadas a um sistema de visão computorizada. Os sinais visuais captados são depois interpretados por um algoritmo de Inteligência Artificial, permitindo gerar obras de arte que incluem pinturas abstratas, retratos, esculturas e até poemas. O robot foi programado para não reproduzir outras obras de arte, significando que todas as suas criações são únicas.
Depois de se dedicar a criar retratos com base em quem estivesse à sua frente, a Ai-Da centrou as atenções em si própria. Tal como o seu nome deixa antever, a exposição “Ai-Da: Portrait of the Robot” é composta por uma série de auto-retratos que, de acordo com Aidan Meller, criador da humanoide, querem despertar no público questões acerca de identidade e criatividade e abrir a porta ao debate sobre as possibilidade dos sistemas de Inteligência Artificial.
“Este é literalmente o primeiro auto-retrato feito por alguém que não tem uma conceção de si próprio. Ela [Ai-Da] não tem uma consciência”, explica o criador em entrevista ao The Guardian. “As imagens foram concebidas para serem inquietantes”, sublinha. “O que é o nosso papel como humanos se tanto pode ser replicado através da tecnologia? Não falamos aqui apenas de empregos, esta é uma questão maior”.
Mas o que “pensa” Ai-Da sobre todo o projeto? “Eu não tenho sentimentos como os humanos, mas aprecio quando as pessoas olham para o meu trabalho e dizem «o que é isto?», afirma a humanoide, indicando que se inspira em artistas que conseguem criar uma forte ligação com o seu público. Depois da exposição no Museu do Design, que terminará no final de agosto deste ano, a Ai-Da vai continuar o seu percurso artístico nos Porthmeor Studios, em St. Ives, Inglaterra.
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