Era para ter sido o primeiro homem a ir ao Espaço orbitando a Terra, mas a Rússia trocou-lhe as voltas, não uma, mas duas vezes, com os voos de Yuri Gagarin, a 12 de abril de 1961, e de Gherman Titov, a 6 de agosto do mesmo ano.
A vez dos Estados Unidos da América, e por sua vez, de John Glenn, chegaria a 20 de fevereiro de 1962, dia em que partiu a bordo da nave Frienship 7, “empurrado” por um foguetão Redstone, na missão Mercury-Atlas 6. Atingiu uma altura de 262 km e deu três voltas à Terra, em quatro horas e 55 minutos.
O Projeto Mercury foi o primeiro programa de voo espacial humano dos EUA, tendo sido lançado em outubro de 1958 com três objetivos: orbitar numa espaçonave tripulada, analisar a capacidade humana para ir ao espaço e recuperar com segurança ambos, nave espacial e membro da tripulação.
Em abril de 1959, a NASA anunciou a escolha dos sete astronautas que realizariam as missões Mercury. Após algumas falhas iniciais de lançamento, o primeiro teste sem piloto bem-sucedido da espaçonave de assento único ocorreu em dezembro de 1960, lançado num voo suborbital no topo de um foguetão Redstone. Um voo semelhante, um mês depois, levaria a bordo Ham, um chimpanzé.
Alan Shepard foi o primeiro norte-americano a ir ao Espaço quando completou o seu primeiro voo espacial a 5 de maio de 1961, numa missão suborbital de 15 minutos a bordo de sua cápsula Freedom 7. Virgil “Gus” Grissom voou numa missão semelhante, a 21 de julho, a bordo do Liberty Bell 7.
O primeiro voo orbital não tripulado bem-sucedido da Mercury, usando um foguetão Atlas mais poderoso, voou em setembro de 1961, seguido pelo voo de duas órbitas do chimpanzé Enos a 29 de novembro. Foi nessa mesma data que ficou conhecida a seleção do astronauta John H. Glenn para voar a primeira missão orbital, com M. Scott Carpenter como seu backup.
Após meses de treino e preparativos da espaçonave e do seu veículo de lançamento Atlas, Glenn vestiu o seu fato espacial e embarcou na Friendship 7 para uma tentativa de lançamento, a 27 de janeiro de 1962.
O diretor de lançamento interrompeu a contagem decrescente aos 13 minutos devido à existência de nuvens, que teriam impedido a observação da subida do foguetão.
As autoridades remarcaram o lançamento, mas atrasos técnicos e novas condições climatéricas levaram a mais adiamentos. A 20 de fevereiro, Glenn entrou no carro que o levaria na viagem de 6,5 quilómetros e 11 minutos até o Complexo de Lançamento 14.
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Depois de “espremido” para entrar na cápsula apertada e de aparafusada a tampa da escotilha, houve vários atrasos que fizeram com que Glenn passar quase quatro horas à espera. A contagem decrescente chegou finalmente a zero às 9h47 EST e os três motores principais do foguete Atlas foram acionados.
Quatro segundos depois, o foguetão saiu da plataforma de lançamento num pilar de fogo. Dois minutos e nove segundos depois, os dois motores de propulsão do foguete foram desligados conforme o planeado e foram descartados, com o Atlas a continuar com a potência do único motor de sustentação montado no centro. Aos cinco minutos e um segundo de voo, o motor do sustentador desligou e o Friendship 7 se separou dois segundos depois. John H. Glenn estava em órbita.
Entretanto o astronauta tirou algumas fotos e passou a relatar a sua condição e a da espaçonave, controlando com sucesso a altura da cápsula e tomando um tubo de sumo de maçã e pílulas de xilitol antes de receber a aprovação para realizar a segunda órbita.
Veja o vídeo feito pela NASA por ocasião do 50º aniversário do voo orbital de John Glenn
Na passagem sobre Cape Canaveral, durante o início da segunda órbita, a equipa que acompanhava o voo viu um sinal de que a bolsa de pouso da espaçonave se tinha estendido, o que significava que o escudo térmico necessário para a reentrada não estava onde devia estar. Embora acreditassem que o sinal fosse um bug, elaboraram um plano de backup, para que o escudo térmico se mantivesse no lugar, descreve a NASA.
Foi dada luz verde para prosseguir para a terceira órbita. Perto da Califórnia, a espaçonave desacelerou e a Friendship 7 retornou à Terra. Depois de quatro horas, 55 minutos e 23 segundos, John Glenn “mergulhava” perto da Grande Turca, nas ilhas Turcas e Caicos. O navio mais próximo completou o resgate das águas num processo que demorou 21 minutos. Ficou nas ilhas mais dois dias para exames médicos.
Tal como Yuri Gagarin, John Glenn tornou-se tão "valioso" que não voltou a receber outra missão, de modo a não colocar em risco a sua vida.
Em 1998, com 77 anos – e depois de ter sido senador por 24 anos – Jonh Glenn teve a oportunidade de voar de novo com seis astronautas, a bordo da Discovery STS-95. Nove días depois regressou a Terra e retomou o seu lugar no Senado, por mais um ano. Viria a falecer a 8 de dezembro de 2016, aos 95 anos de idade.
O recorde de John Glenn como homem mais velho a ir ao Espaço só foi quebrado em 2021, quando o ator William Shatner, de 90 anos, e Wally Funk, de 82 anos, viajaram em voos suborbitais da Blue Origin. A emprsa de Jeff Bezos tem, inclusive, um foguetão batizado como New Glenn, em sua homenagem.
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