Nem tudo o que é nacional é bom. Facto. Mas a PlayStation quer ajudar a que seja. Pelo menos no que aos videojogos diz respeito.

A empresa é a marca com a maior representação no Lisboa Games Week, que decorre na FIL em Lisboa, mas não é apenas do seu umbigo que é feito o seu stand. Uma das maiores iniciativas da Sony Interactive Entertainment para esta edição do evento é a PlayStation Talents, uma iniciativa que Sandra Páscoa, responsável pelas relações públicas da empresa, descreve como um "programa de desenvolvimento local" e que, em linguagem tecnológica corrente, pode ser entendido como uma incubadora de startups para criadores de videojogos.

O Strikers Edge venceu a primeira edição do concurso, em 2015, e está agora na FIL para atestar o sucesso da iniciativa. O jogo, em exposição até ao próximo domingo, tem reunido atenção por parte dos participantes e deve-o em parte à campanha de comunicação de 50 mil euros que recebeu como prémio da PlayStation.

Seja em Portugal, em Paris ou na E3, Tiago Franco, um dos criadores do jogo, não tem dúvidas em afirmar que as reações a Striker's Edge têm sido igualmente positivas em todos os países por onde passaram. Dentro e fora de portas os "jogadores vibram de forma semelhante". "A nacionalidade do jogo não tem qualquer peso na forma como as pessoas se divertem ou deixam de divertir", disse Ricardo Flores, da B5 Studios, empresa que tem sido parceira na promoção e desenvolvimento do título.

Depois de um ano de mostra e afinamento, o jogo está prestes a chegar às lojas da PlayStation e da Steam, figurando enquanto um exemplo de sucesso numa indústria que em Portugal, à primeira vista, ainda parece um pouco nublada. A quem tem ideias, projetos e vontade, Ricardo Flores deixa o conselho, "metam os trabalhos cá fora. Se têm ideias e coisas para mostrar não tenham medo, saiam do quarto e mostrem o que valem".

Sandra Páscoa corrobora a ideia. "Há talento em Portugal como há noutro sítio qualquer. A única diferença é os apoios que estes criadores podem receber", afirma.

Nesta segunda edição do PlayStation Talents, que por esta altura já nomeou todos os 10 finalistas, a responsável pelas relações públicas da PlayStation já nota uma evolução relativamente ao ano passado. "Há mais concorrentes e há mais concorrentes com projetos de qualidade. O ano passado recebemos muitas participações que não tinham mais do que uma ideia, este ano isso também aconteceu, mas reparámos que já há mais trabalho feito".

Uma das justificações que aponta para o fenómeno é a forma como a indústria tem evoluído. Em 2015, os videojogos já movimentaram mais dinheiro do que a música e o cinema juntos numa perspectiva global. A sociedade acompanha esta evolução e alavanca o crescimento com iniciativas que são essenciais ao despontar de uma realidade concreta sobre os videojogos em Portugal.

Neste momento, como reparou Sandra, já existe oferta educativa em Portugal na área do desenvolvimento de jogos. A Universidade da Beira Interior e o Instituto Politécnico de Leiria são exemplos. Consequentemente, é inevitável que o interesse cresça e que o tecido de estúdios se adense.

No lote de finalistas de 2016 do PlayStation Talents há também um jogo de realidade virtual que merece atenção. A consola lançou um headset de realidade virtual recentemente e é notório que o segmento está a beneficiar de um crescimento quase imensurável nos últimos anos. "O PSVR vai levar a que se façam mais conteúdos em realidade virtual, mas o melhor desta plataforma é que é um meio completamente novo que vai dar aos criadores uma forma completamente diferente de explorar as suas ideias", disse, "na edição do Talents de 2015 já tínhamos recebido algumas candidaturas com propostas em realidade virtual, mas ainda estavam numa fase muito prematura".

Relativamente à ideia de que a tecnologia é "desconfortável de utilizar" e "pode causar enjoos em utilizações mais longas", Sandra recorda que a própria PlayStation recomenda que se façam pausas, mas nem por isso considera que os jogadores têm menos interesse na tecnologia. Aliás, em 2017, ainda é mais provável que o PlayStation Talents receba mais candidaturas que articulem a realidade virtual com as suas ideias, uma vez que o PSVR o torna mais fácil de reproduzir.

Para Portugal parece haver futuro. Tanto a PlayStation como os responsáveis por Strikers Edge mostraram acreditar que há ideias valiosas em Portugal. A primeira quer dar os meios, os segundos dão o exemplo de que é possível atingir o sucesso é as faculdades estão cada vez mais interessadas em dar o conhecimento. Mas primeiro, recordando o conselho de Ricardo Flores, "têm de mostrar os vossos projetos. Têm de sair do quarto", porque há forma de os concretizar.

Veja ou reveja ainda um trabalho feito em 2014 pelo TeK que mostra os principais estúdios de videojogos e o seu trabalho em Portugal.

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