O jogo português de estratégia Mechs & Mercs: Black Talons já pode ser comprado na plataforma online Steam, sendo compatível com os sistemas operativos Windows, Mac OS e Linux. Esta é a coroação de um longo caminho percorrido pelo estúdio Camel 101 que tinha planos para acabar o desenvolvimento um pouco mais cedo.



Após terem iniciado o desenvolvimento do título, os elementos do estúdio português decidiram tentar a sorte no Kickstarter para acelerar o desenvolvimento do projeto. O financiamento pode não ter sido conseguido, mas da experiência vieram bons resultados.



“Não posso dizer que tenhamos ficado muito desmoralizados quando o Kickstarter falhou. Na verdade não íamos com grandes expectativas, pois é sabido que equipas desconhecidas não têm muito sucesso nestas plataformas. Quando o Kickstarter falhou, acabámos por aproveitar o melhor da experiência, que foi a exposição que tivémos e toda a divulgação que daí veio”, relembra um dos produtores do jogo, Ricardo Cesteiro.



“Levar as coisas com calma” e “acreditar no trabalho próprio” foram dois ingredientes essenciais para levar o projeto a bom termo. Isso e o aparecimento da editora alemã Kalypso.



Depois desta parceria, o lançamento do jogo ficou previsto para o último trimestre de 2014, mas a meta acabaria por não ser cumprida. No entanto nem tudo é mau, sobretudo para os jogadores portugueses interessados no título.

Com o tempo extra conseguido, a equipa da Camel 101 acrescentou a língua portuguesa como um dos idiomas do jogo – algo que não estava previsto no roteiro original. A decisão chegou mesmo a gerar algumas críticas, mas estas são situações sempre difíceis de gerir.



“A escolha das línguas é feita pela editora. Apesar do português não fazer parte da lista de línguas [antes], já tínhamos planeado entre nós fazer posteriormente uma versão portuguesa do jogo, possivelmente como atualização. Pode não ser rentável a nível monetário, mas é a nossa língua materna e temos todo o prazer em divulgá-la”, disse Ricardo Cesteiro.



O elemento da Camel 101 revela ainda que o estúdio não tem nenhuma meta concreta para Mechs & Mercs: Black Talons, mas há um objetivo que gostavam de superar: as 27 mil unidades vendidas com o jogo anterior do estúdio, Gemini Wars.



Até agora a receção da crítica especializada “tem sido bastante boa”, olhando apenas para as antevisões publicadas em sites e blogues. “Posso dizer que estamos bastante contentes com o feedback que temos recebido até agora”, partilhou o porta-voz da Camel 101 com o TeK.



De fora continuam os planos de fazer chegar o título às consolas domésticas. “Continuamos sem planos para colocar este jogo em consolas. Embora tecnicamente não fosse complicado, temos algumas dúvidas sobre a jogabilidade com comandos. Embora haja exceções, este tipo de jogo não costuma funcionar muito bem”, disse o produtor.



Mas fica desde já confirmado que a Camel 101 tem “planos para consolas para um futuro próximo, mas para outro projeto”.



A era dourada do gaming português


Portugal está de facto a viver uma época dourada ao nível do gaming. E aqui a referência é totalmente direcionada para os programadores independentes, para as startups e empresas mais maduras que estão a levar o nome de Portugal para junto dos gamers de todo o mundo. Para a Camel 101 é “muito gratificante e motivador” ver o cada vez maior interesse de programadores pelo universo dos videojogos.



“O crescimento da cena dos jogos em Portugal tem realmente crescido a olhos vistos. As pessoas estão motivadas e com vontade, e estão a atirar-se à luta, que é o que é preciso. Não sei ao certo quantos estúdios de desenvolvimento existem em Portugal, mas sei que já somos bastantes. Uns com projetos maiores, outros com projetos mais pequenos, mas todos com muita vontade de crescer e atingir o sucesso", avaliou Ricardo Cesteiro.



O produtor mostrou-se ainda otimista sobre o futuro português na área: "Ainda somos uma indústria muito pequena em Portugal, mas acredito que vamos ter um grande crescimento nos próximos anos”.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico