Passavam poucos minutos da meia noite do dia 27 de setembro quando, pela primeira vez na história, uma sonda chocou de propósito contra um asteroide. A missão DART, idealizada pela NASA, resultou na colisão bem-sucedida com a rocha Dimorphos, marcando aquilo que se pretende que seja o início de uma nova era de defesa planetária.

A estratégia vai contar no futuro também com a ajuda da ESA e com tecnologia portuguesa para validar o efeito real desta experiência de defesa planetária que pode ser crucial no futuro desvio de asteroides considerados uma ameaça para a Terra.

Colisão com asteroide foi bem sucedida. NASA dá um passo gigante no teste de defesa planetário
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Desde cedo que a agência espacial norte-americana confirmou que estava tudo pronto para que a sonda Double Asteroid Redirection Test (DART) testasse a teoria dos cientistas. Para a experiência foi escolhido um sistema de dois asteroides e o objetivo era que a nave chocasse com a rocha mais pequena, Dimorphos, que “faz par” com a rocha maior Didymos.

Recorde-se que os “alvos” desta experiência têm 780 metros de diâmetro, no caso do asteroide principal, e 160 metros no caso do asteroide secundário, aproximadamente a mesma dimensão da Grande Pirâmide de Gizé. O sistema já passou perto da Terra - a cerca de 7,2 milhões de quilómetros, em 2003 - e voltará a aproximar-se em 2023, ficando a "apenas" 5,7 milhões de quilómetros de distância, cerca de 15 vezes a distância do planeta azula à Lua.

O objetivo da missão DART foi transferir a energia cinética da nave para a rocha, empurrando-a para mais perto de Didymos e mudando a velocidade da órbita do asteroide secundário em redor do principal em 1%.

O momento pôde ser acompanhado em direto, com imagens registadas pela câmara da sonda mostradas, quase em tempo real, à medida que esta se aproximava do asteroide para a colisão. Além da câmara da sonda, houve outras objetivas apontadas ao teste de defesa planetária para registarem o momento, nomeadamente o LICIACube.

Fornecido pela Agência Espacial Italiana, este CubeSat viajou atrás da DART com o objetivo de registar o derradeiro evento a uma distância segura de 55 quilómetros. A perspetiva é por isso diferente.

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As primeiras imagens captadas pelo LICIACube, que chegou à Terra cerca de três horas após a DART ter chocado com sucesso com o asteroide Dimorphos, foram divulgadas pela agência italiana esta terça-feira e incluem uma comparação antes e depois do sistema de asteroides Didymos, bem como fotos de detritos brilhantes em redor de Dimorphos.

“Aqui estão as imagens captadas pelo LICIACube da primeira missão mundial de defesa planetária. Foi precisamente aqui que terminou a DART. A emoção é incrível, é o começo de novas descobertas”, escreveu na sua conta Twitter a Argotec Space, a empresa italiana que desenvolveu o CubeSat para a Agência Espacial Italiana.

Os registos feitos pelas câmaras do LICIACube são considerados cruciais para ajudar os cientistas a entenderem a estrutura e a composição de Dimorphos. As imagens divulgadas agora são apenas as primeiras de um conjunto que a equipa italiana pretende apresentar nos próximos dias e que são apontadas como “promissoras”.