A paisagem é infernal: uma superfície jovem com mais vulcões do que qualquer outro corpo no sistema solar, desfiladeiros gigantes, cordilheiras imponentes, uma atmosfera que poderia esmagar um submarino e temperaturas altas o suficiente para derreterem chumbo. Mas não foi sempre assim.

"Vénus é como o caso controlo da Terra", afirma a cientista planetária Sue Smrekar, do Jet Propulsion Laboratory (JPL), da NASA, ecoando os resultados de estudos recentes que sugerem que o planeta terá sido parecido com a Terra por três mil milhões de anos, com vastos oceanos que ofereceriam condições para alojar vida.

“Acreditamos que [Terra e Vénus] começaram com a mesma composição, a mesma água e dióxido de carbono. E depois seguiram dois caminhos completamente diferentes. E porquê? Quais são as forças-chave responsáveis ​​por essas diferenças?”, pergunta a investigadora.

Sue Smrekar trabalha com o Venus Exploration Analysis Group (VEXAG), um grupo de cientistas e engenheiros que estudam juntos os melhores meios para revisitar o planeta que a missão Magellan – Magalhães em português – mapeou, e bem, há 30 anos.

Embora as abordagens propostas variem, o grupo concorda que Vénus poderá ajudar a responder a uma questão vital sobre a Terra: o que aconteceu com o clima sobreaquecido do nosso planeta gémeo e o que é que isso significa para a vida terrestre no futuro.

Sondas orbitais e balões de ar quente ou sondas de aterrissagem são alguns dos meios que o JPL está a ponderar, nas novas hipóteses de exploração daquele que é o planeta mais quente do Sistema Solar.