Motor elétrico, bateria, Hyper casting, condução autónoma e cabine inteligente são as cinco áreas onde a Xiaomi quer fazer a diferença nos automóveis elétricos, apostando na inovação desenvolvida pelas suas equipas de I&D e em parceria com empresas especializadas em algumas das áreas.
Na apresentação, que durou quase 3 horas e que começou às 14h na China, 6 horas da manhã em Portugal, Lei Jun, CEO da Xiaomi, deixou bem claro que o objetivo da empresa é ultrapassar a Tesla e lembrou que já investiu mais de 10 mil milhões de dólares no projeto.
"Queremos ser melhores que a Tesla, estamos decididos a desenvolver os carros mais rápidos", afirmou Lei Jun durante a apresentação, adiantando que a Xiaomi quer ser o melhor veículo elétrico (EV) para condução no inverno. "Desde o início da nossa jornada temos esse objetivo de sermos os reis do inverno no EV"
Mas esta é uma aposta a longo prazo. "Vamos trabalhar nos próximos 15 a 20 anos para nos tornarmos num dos 5 maiores fabricantes de automóveis do mundo, impulsionando toda a indústria automóvel na China", sublinhou Lei Jun, que garante que este é um carro de sonho equivalente a um Porsche ou Tesla e que nunca quis fazer um carro "mediano".
Mais de mil dias de desenvolvimento de I&D permitiram à Xiaomi mostrar as novas tecnologias desenvolvidas nas principais áreas, garantindo que os primeiros automóveis vão chegar ao mercado em 2024, mas algumas das novidades só vão estar disponíveis em 2025.
E depois das imagens que têm sido partilhadas em muitos rumores, o bilionário e CEO da Xiaomi mostrou hoje fotos oficiais do Xiaomi SU7 em azul e partilhou mais detalhes sobre o desempenho, design e tecnologia do carro.
Veja as imagens da apresentação
O lançamento dos equipamentos ainda está a alguns meses de distância, e vai começar com uma produção em números reduzidos, mas perante o interesse gerado para os novos automóveis, o CEO da Xiaomi decidiu fazer hoje um "pré-lançamento", mostrando já imagens dos automóveis e vídeos de apresentação.
As primeiras fotos mostram o SU7 em azul água, mas também está disponível em cinzento, um "mineral grey", e em verde metalizado.
A decisão de construir um sedan foi também abordada e Lei Jun diz que este é um modelo de automóvel que tem marcado a evolução da indústria, e que o Xiaomi SU7 foi pensado para quem procura a melhor tecnologia e experiência na condução.
É maior do que o Model 3 da Tesla e semelhante ao Series 5 da BMW e Lei Jun revela que rejeitou o design apresentado pela equipa três vezes e que foi difícil, mas afirma que tem uma equipa de topo envolvida nesta área, alguns dos quais estiveram na base do desenvolvimento dos BMW elétricos e da Mercedes Benz.
"Queriamos fazer um design que se mantivesse durante 7 a 10 anos", explica, lembrando que para os utilizadores chineses os carros não têm apenas de ser bonitos mas utéis e duráveis, por isso a Xiaomi quis encontrar um equilíbrio perfeito nos novos modelos, onde também o interior do automóvel foi pensado com cuidado.
O design e o desempenho do automóvel foram detalhados por Lei Jun durante mais de 40 minutos, com comparações com o Model S da Tesla e o Taycan Turbo, atingindo os 265 km por hora e chegando aos 100 km/h em 2,78s.
Lei Jun garante que estas são características de topo, por isso não pode cobrar pouco, e pede para deixarem de trollar a Xiaomi por causa do preço.
"Acho que o preço vai ser um pouco alto mas o SU7 vai cumprir as expectativas, sublinha o CEO da Xiaomi que pede paciência durante alguns meses.
Enquanto o carro não chega ao mercado já é possivel comprar versões limitadas do Xiaomi 14 e de um relógio com as mesmas cores do Xiaomi SU7. Mas quem esteve na apresentação do evento durante quase 3 horas teve ainda direito a ver o carro em ambiente real no palco e na exposição preparada pela Xiami.
Numa mensagem mais pessoal, o CEO da Xiaomi admitiu que nos últimos três anos teve muitas dúvidas sobre se a aposta nos automóveis eletricos seria bem sucedida, porque sabia que era um mercado difícil, mas decidiu avançar e acredita que a empresa consegue fazer a diferença e que nos próximos anos haverá carros da marca a rolar nas estradas de todos os países do mundo.
"O SU7 foi criado para os sonhadores deste mundo", sublinha Lei Jun no final de uma apresentação de 3 horas, com muitos detalhes e novidades mas sem preços.
Motores de 27800 rpm e autonomia de 1.200 km
A comparação com a Tesla e com a Porsche, no desempenho do motor, mostra como a Xiaomi está a colocar alta a fasquia no desenvolvimento dos seus automóveis elétricos. A empresa tinha começado por ter como meta motores de 21 mil rotações por minuto, mas entretanto a concorrência conseguiu atingir este nível, por isso Lei Jun desafiou a equipa a ir mais longe e chegou ao 27.800 rpm com o motor V8, mas que precisou de adaptações no rotor e nos materiais utilizados para garantir a resistência.
O motor V8 só vai chegar aos novos carros da Xiaomi em 2025, mas a empresa já está a trabalhar num motor de 35 mil rotações por minuto, ainda em ambiente de laboratório. Para já os motores que entram em produção são os V6 e V6s, com capacidade de 299 hp e 374 hp.
"O motor V8 é um passo significativo no nosso investimento na tecnologia de motores elétricos e procuramos ser um player líder na indústria", afirma Lei Jun.
A bateria é um dos elementos mais importantes num carro elétrico e nesta área a Xiaomi está também a apostar forte, com a parceria da CATL, garantindo nos SU7 uma autonomia de 1.200 km mesmo a 150 km/h.
A empresa desenvolveu também a sua própria tecnologia de CTB (Cell-to-Body) que integra a bateria no chassi do veículo, aumentando a rigidez estrutural e permitindo uma cabine mais espaçosa, ao contrário de outros carros elétricos. Mas a segurança não foi deixada de lado e foram criadas mais camadas de proteção que também permitiram que o SU7 conseguisse passar os testes IP6K9K.
Os desenvolvimentos da Xiaomi vão também à tecnologia de produção, com a tecnologia Hypercasting, em vez de die-casting, para moldar os metais. "A nossa máquina de moldagem na fábrica é enorme", explica o CEO da Xiaomi.
É também na tecnologia de condução autónoma que a Xiaomi quer fazer a diferença, e onde está a investir mais. "Estamos confiantes porque investimos muito nesta área e temos vantagem de ter chegado mais tarde ao mercado, por isso usamos tecnologias mais recentes", destaca.
Há novos desenvolvimentos no algoritmo de condução e no BEV (Bird eye view) e sensores para ultrapassar os momentos mais difíceis e complexos de reconhecimento de objetos, passagem em portagens e sinalização temporária nas estradas, mas também em estacionamento em locais apertados. O Xiaomi Pilot já está a ser testado e Lei Jun diz que em breve vai alargar os locais onde a condução autónoma vai chegar às ruas de cidades chinesas.
Na visão de Human x Car x Home o interior do automóvel e a experiência dentro da cabine dominou também uma área relevante da apresentação, quer no espaço garantido ao condutor e passageiros, quer na utilização dos vários sistemas. Um dashboard que roda quando se liga o carro, displays maiores e a integração entre 5 ecrãs de entretenimento dentro do SU7 fazem parte das propostas do novo automóvel da Xiaomi. E embora Lei Jun garanta que a melhor experiência é com o HyperOS e os smartphones da Xiaomi, também pode ser usado com iPhone e iPad.
Nota da Redação: A notícia foi atualizada durante a apresentação que terminou às 9h de Portugal continental depois de três horas de apresentação. Última atualização 9h23
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