As aulas com o professor Miguel Galhardas já fazem parte do calendário semanal dos alunos da Escola Ciência Viva, do Pavilhão do Conhecimento. Entre "empurrões", "puxões", quedas e corridas, o hexacampeão nacional de judo aproveita para mostrar, no tapete, conceitos como centro de massa, base grande e base pequena ou velocidade linear versus velocidade angular.

Mas esta quarta-feira não foi só o desporto a ajudar a explicar os princípios e leis da Física. Miguel Galhardas teve a seu lado o irmão, o astrofísico e também tricampeão nacional da mesma modalidade, Hugo Messias, que integrou a equipa de cientistas responsáveis pela primeira imagem da sombra de um buraco negro, revelada em abril último. Foi o investigador que “abriu as hostilidades” - antes dos mais de 40 alunos “irem ao tapete”...

Esta é a primeira fotografia de um buraco negro. Está feita história
Esta é a primeira fotografia de um buraco negro. Está feita história
Ver artigo

Atualmente investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Hugo Messias tem regresso marcado ao Chile para janeiro de 2020, onde estará novamente ligado ao observatório astronómico ALMA - Atacama Large Milimeter Array, um dos oito telescópios que contribuíram para o projeto Event Horizon Telescope (EHT), da primeira imagem “real” de um buraco negro.

O astrofísico partilhou a experiência profissional com os alunos do 4º ano da Escola Básica do Bairro Madre de Deus e da Escola Básica Luiza Neto Jorge, ambas de Lisboa, em mais um Encontro com o Cientista, promovido todas as semanas pela Escola Ciência Viva, mas antes disso explicou alguns princípios da Física.

“Vou dar-vos alguns truques que vos vão ajudar a aprender: chamam-se simplificações ou analogias”. E a partir daí, entre desenhos e jogos, falou sobre massa e distâncias, de conceitos como a paralaxe ou a interferometria, de como o espaço é vazio e, no fim, de “como se sente em ser cientista”.

“Sabem que número é este? É um número mesmo muito grande… até para mim!”, referia-se à massa do Sol. Algo que fica mais fácil de entender para os mais novos (e não só) quando se refere que o astro-rei está para a Terra, como o Homem está para uma abelha. As analogias sobre massa continuaram com a comparação do Sol a uma bola de basquete, em que Júpiter é uma azeitona e a Terra uma missanga. Sempre acompanhadas da curiosidade e participação dos mais novos, umas vezes com respostas mais acertadas do que outras.

Equipa responsável pela primeira imagem de um buraco negro ganha prémio de quase três milhões
Equipa responsável pela primeira imagem de um buraco negro ganha prémio de quase três milhões
Ver artigo

Na parte das perguntas, a curiosidade sobre as distâncias entre os corpos celestes (e "terrestres") dominaram, mas no derradeiro momento, alguém na jovem audiência quis saber como é  queHugo Messias "se sente em ser cientista".

O astrofísico de 35 anos mencionou o projeto da sombra do buraco negro. "Isso foi um dos maiores resultados da astronomia dos últimos anos e eu trabalhei nesse projeto e isso só foi possível porque estou nestas áreas". Além da possibilidade de descobrir coisas novas, o investigador também destacou o contacto com outras culturas, "porque não fiquei quieto em Portugal e trabalho com cientistas de outros países".

"Tanto na parte social e cultural como científica, é um espétaculo", assegurou, sem deixar de concordar  que "é preciso trabalhar muito".

Não perca as principais novidades do mundo da tecnologia!

Subscreva a newsletter do SAPO Tek.

As novidades de todos os gadgets, jogos e aplicações!

Ative as notificações do SAPO Tek.

Newton, se pudesse, seguiria.

Siga o SAPO Tek nas redes sociais. Use a #SAPOtek nas suas publicações.