A Active Space Technologies, empresa da área espacial com sede em Coimbra, já dedicou mais de dois milhões de horas ao espaço, contribuindo para perto de três dezenas de missões em prol da ciência e da observação da Terra. A empresa contribuiu com tecnologias para o Solar Orbiter, BepiColombo, ExoMars, Sentinel-4, InSight, Sentinel-3, entre outros satélites da ESA.

“Muitos podem pensar que isto do espaço é um desperdício de dinheiro, mas na verdade tem aplicações, no dia-a-dia, que grande parte das pessoas desconhece”, defendeu Ricardo Machado, diretor-geral da Active Space Technologies, fundada em 2004. O engenheiro aeroespacial entrou para a Active Space Technologies em 2018, na altura para liderar o Departamento do Espaço, passando em 2020 a diretor-geral, pouco depois desta empresa ter integrado o Grupo Bel.

“Esta é uma área que tem crescido imenso nos últimos quatro ou cinco anos. Somos de longe a primeira na área do espaço, que se constrói com ‘heritage’, com experiência”, evidenciou.

Ao longo dos seus 18 anos de existência, esta empresa já integrou cerca de 30 missões, maioritariamente da Agência Espacial Europeia (ESA), ao desenvolver e fabricar componentes à medida e com grande grau de precisão para satélites.

Estes componentes são desenhados, fabricados e sujeitos a vários testes de qualidade, precisão e resistência, a partir do Parque industrial do Taveiro, em Coimbra, onde estão instalados os dois edifícios da Active Space Technologies.

Cada missão é uma missão. Com isto quero dizer que as estruturas que construímos são à medida e só servem para aquela missão, para aquele propósito”, esclareceu Filipe Castanheira, que é, desde 2016, o responsável pelo desenvolvimento da área do negócio do espaço, que tem a vertente institucional (observação da terra e ciência) e a vertente comercial (‘new space’).

À agência Lusa, assegurou que o espaço institucional terá uma enorme importância para a empresa nos próximos anos. “Estes projetos têm longa duração, o que nos permite fazer um planeamento e saber que temos trabalho para três ou quatro anos. No entanto, estamos sempre a atacar novas lides e esperamos ter mais algumas nos próximos tempos”, destacou.

Das diversas missões que integram, Filipe Castanheira destacou o Copernicus, um programa de observação da Terra da União Europeia, que analisa o planeta e o seu ambiente em benefício de todos os cidadãos europeus. Oferece serviços de informação baseados na observação da Terra por satélite e dados ‘in situ’ (não espaciais).

Cofinanciada pela Agência Espacial Europeia e pela União Europeia, esta missão alocou 3,2 milhões de euros para a empresa portuguesa desenvolver componentes para satélites.

“O Copernicus é a missão mais relevante para os próximos anos, uma vez que os dados dos satélites são usados na navegação marítima e aérea, na ciência, vigilância, controlo de segurança e telecomunicações. A título de exemplo, todos os barcos e aviões do mundo são cobertos em tempo real”, evidenciou.

A mais-valia da Active Space Technologies, que contabiliza meia centena de trabalhadores, “reside no seu ‘know-how’, nas instalações brutais e numa equipa muito bem preparada”.

“Vamos contratar mais cinco pessoas, para fazer face aos projetos que vão entrar para esta empresa, que, para além do espaço, tem também a área da automação. No fundo, são áreas complementares”, apontou o diretor-geral da empresa. A área da automação foi repensada em 2020 e é a área com que contam aumentar a faturação, graças ao portfólio de produtos que já possuem, entre os quais quatro modelos de AGV - Automated Guided Vehicles.

A Active Space Technologies registou uma faturação de 3,2 milhões de euros no ano passado, estimando acabar o ano de 2022 com uma faturação de 3,5 a 3,8 milhões de euros. “Em 2025, contamos chegar aos cinco milhões de euros. Estamos a construir um robot, que é uma nova geração dos AGV, com inteligência artificial, que, para além de carregar peso, tem a possibilidade de ter uma torre de desinfeção de hospitais ou espaços logísticos”, revelou.

Este robot, financiado a 100% com capital do Grupo Bel, foi pensado na pandemia, pelo departamento de inovação, precisamente para diversificar o portfólio dos produtos da empresa.

“Está em fase de testes e contamos apresentá-lo brevemente”, concluiu.

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