A empresa espacial do multimilionário Jeff Bezos, a Blue Origin, está a postos para iniciar um novo capítulo da sua história na indústria aeroespacial. Está tudo pronto para o primeiro lançamento do foguetão de carga New Glenn, que vai concorrer com a frota da SpaceX no transporte de carga para a órbita baixa da Terra.

Para que este marco se concretize, a empresa criada pelo também fundador da Amazon, só precisa agora de condições meteorológicas favoráveis. O primeiro lançamento do New Glenn já esteve agendado para quarta-feira. Voltou a estar previsto para esta madrugada e passou agora para uma nova janela temporal, que se inicia a 12 de janeiro.

“Estamos a mudar a data de lançamento do NG-1 para uma data nunca anterior a 12 de janeiro devido ao estado do mar no Atlântico, onde esperamos aterrar o nosso booster”, explica uma publicação na rede social X assinada pelo CEO da empresa. O lançamento contará com uma janela de três horas, que se inicia às 6h da madrugada de domingo, hora de Lisboa.

Veja ou reveja aos fotos da missão da New Sheppard que em 2021 levou Jeff Bezos a bordo 

O estado do mar é determinante para o sucesso da missão porque, tal como acontece com os foguetões de carga da SpaceX, parte é reutilizável e regressa ao solo numa plataforma colocada no mar. Por enquanto a SpaceX é a única a usar este sistema, mas se tudo correr bem vai deixar de ser em breve.

A expectativa é grande e a equipa da Blue Origin, que já transporta turistas ao espaço desde 2021 com o foguetão New Shepard, não esconde. Numa outra publicação na mesma rede social, clarificam-se os objetivos da missão, que vai ser determinante para perceber se os contratos já assinados pela empresa para próximos transportes podem seguir como planeado.

“O nosso objetivo é atingir a órbita. Qualquer coisa para além disso é um bónus. Aterrar o nosso booster em alto mar é ambicioso - mas vamos fazê-lo. Aconteça o que acontecer, vamos aprender muito”.

Entre os contratos já assinados para próximos voos, a Blue Origin tem acordos com a NASA, para missões a Marte e à Lua, com o Governo norte-americano, para missões de segurança nacional e com empresas privadas. Para além disso, tem a sua própria agenda de lançamento de satélites, para dar escala ao projeto Kuiper. Também aqui a empresa espacial de Jeff Bezos vai competir com a de Elon Musk, mais concretamente com a Starlink.

Veja o New Glenn e a preparação do primeiro voo

O New Glenn tem 98 metros de altura e capacidade para transportar até 45 toneladas para a órbita baixa da Terra. Esta capacidade mais do que duplica a do Falcon 9, da SpaceX. É, no entanto, menor que a capacidade do Falcon Heavy. O lançamento será feito a partir do Cabo Canaveral, na Flórida.

SpaceX volta a testar sistemas da Starship. Olhos postos na recuperação do lançador

Se a nova janela temporal para o lançamento do foguetão da Blue Origin se confirmar, o lançamento acontecerá a curto espaço de tempo de outro lançamento importante para a indústria aeroespacial americana. Mais um voo da Starship, que a SpaceX continua a aperfeiçoar e a preparar para missões interplanetárias. A janela prevista pela empresa de Elon Musk inicia a 13 de janeiro, segunda-feira, para um voo realizado a partir da base da empresa no Texas. A missão vai servir para testar novos aperfeiçoamentos ao design da nave e melhorar a capacidade de reutilizar o booster que a lança, o Super Heavy.

Para a Starship a missão de segunda-feira será a sétima, mas ainda assim não é exagero dizer que é mais um passo para escrever uma história que durante muitos anos se fez de investimento público e está agora a passar quase na totalidade para as mãos de privados.

Para a Starship, o último grande marco nos voos realizados aconteceu no quinto, quando o Super Heavy regressou à rampa de lançamento e foi apanhado com sucesso pelos braços da torre. Mas, cada voo bem-sucedido a mais é um passo a menos no caminho que falta para o foguetão estar 100% pronto para as emblemáticas missões que o esperam. Entre elas, transportar astronautas para a Lua, na missão Artemis, ou assegurar uma missão não tripulada a Marte já em 2026.

No próximo voo, em concreto, a SpaceX quer voltar a tentar a proeza de fazer aterrar o lançador na torre de onde também sai no início do voo, alto que no 6º voo não conseguiu fazer. Soube-se mais tarde que durante o lançamento os “pauzinhos” da torre ficaram danificados e a equipa decidiu redirecionar o booster para o mar, por questões de segurança.

Enquanto continua a aperfeiçoar a Starship, a SpaceX continua ocupada com o serviço assegurado pelo Falcon 9, que ainda esta sexta-feira descolou, como é possível ver na publicação acima. Até final do mês estão previstas outras missões para o foguetão mais testado da empresa.

Na próxima semana, dia 14, será a companhia a assegurar o lançamento do PoSat2, o primeiro satélite comercial português. Desenvolvido pela LusoSpace, o PoSat 2 é o precursor de uma constelação de satélites que vai ter o nome de ATON, que quer revolucionar as comunicações marítimas e o mapeamento dos oceanos.

Veja as imagens do quinto voo da Starship