Uma investigação realizada pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em colaboração com a Universidade de Oxford, sugere que partículas chamadas axiões podem alterar o processo de evaporação dos buracos negros.

Este fenómeno ocorre devido ao efeito de Hawking, pelo qual os buracos negros emitem partículas, perdendo gradualmente massa até desaparecerem. O estudo, publicado na prestigiada revista Physical Review Letters, mostra que a emissão de axiões pode mudar radicalmente este processo.

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Os axiões são partículas hipotéticas muito leves, eletricamente neutras e fracamente interativas, o que as torna extremamente difíceis de detetar. Foram propostos pela primeira vez na década de 1970 para explicar algumas das propriedades da interação forte. A teoria de cordas, em particular, prevê que existam centenas ou, até mesmo, milhares de espécies de axiões com massas diferentes.

“Simulamos computacionalmente a evaporação de um buraco negro desde os primórdios do universo até aos dias de hoje, tendo em conta a emissão das partículas conhecidas e de um número arbitrário de axiões”, explica João Rosa, investigador da FCTUC, em comunicado.

Os resultados mostram que, ao contrário de outras partículas conhecidas, os axiões podem acelerar a rotação dos buracos negros. Esta rotação influencia a radiação emitida, criando padrões que podem ser medidos.

Despertar de buraco negro massivo visto pela primeira vez em tempo real  
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“Ficámos muito entusiasmados com os resultados que obtivemos, porque percebemos que poderíamos determinar se existem ou não centenas de axiões leves, como prevê a teoria de cordas, simplesmente medindo a velocidade com que os buracos negros primordiais rodam sobre si mesmos”.

Além disso, a evaporação destes buracos negros pode ter espalhado axiões pelo universo, viajando quase à velocidade da luz. Segundo o estudo, estes buracos negros, embora raros, podem ser observados nos próximos anos, oferecendo uma oportunidade única para explorar mistérios fundamentais da física.