A imagem está desfocada, mas é de propósito, explica a Agência Espacial Europeia (ESA). O procedimento é algo que a ótica especialmente desenhada para o telescópio faz para maximizar a precisão das análises do Cheops -  CHaracterising ExOPlanet Satellite, na sua missão sem precedentes de caraterizar exoplanetas em redor de estrelas próximas.

O telescópio contribuirá para medir as muito pequenas variações de luz provenientes destes planetas que giram em torno de outras estrelas, alterações de brilho essas na ordem dos 0,0001%.

Satélite que vai estudar exoplanetas pronto para iniciar missão com tecnologia portuguesa a bordo
Satélite que vai estudar exoplanetas pronto para iniciar missão com tecnologia portuguesa a bordo
Ver artigo

O registo desta primeira imagem era determinante na extensa fase de testes que espera ao Cheops, antes que o satélite mergulhe profundamente no propósito para o qual foi construído, a partir de uma parceria entre a ESA e a Suíça, através de um consórcio liderado pela Universidade de Berna.

A imagem mostra um campo estelar centrado em HD 70843, uma estrela amarela-branca a cerca de 150 anos luz de distancia, escolhida como “alvo” ideal para o primeiro teste devido ao seu brilho e localização no céu.

Video: Já está em órbita o satélite que vai descobrir os mistérios dos exoplanetas
Video: Já está em órbita o satélite que vai descobrir os mistérios dos exoplanetas
Ver artigo

“As primeiras imagens que estavam prestes a surgir no ecrã foram cruciais para que pudéssemos perceber se a ótica do telescópio tinha sobrevivido ao lançamento do foguetão em boa forma”, sublinhou Willy Benz, investigador principal do consórcio de missões do CHEOPS. “Quando apareceram as primeiras imagens de um campo estelar ficou imediatamente claro para todos que realmente tínhamos um telescópio em funcionamento”.

tek primeira imagem Cheops

O Cheops tem um peso de 280 Kg e o corpo principal, com a forma de um cubo com arestas, mede 1,5 metros. Foi colocado em órbita a cerca de 700 quilómetros de altitude, onde deverá permanecer durante a missão de três anos e meio.

Além da Suíça, conta com contribuições importantes de mais 10 outros Estados-membros da agência europeia, entre os quais três empresas e um centro de investigação portugueses.

Esta é a primeira de uma série de três missões do Cheops, que incluem ainda a Plato e a Ariel, planeadas para a próxima década, com o objetivo de abordar diferentes aspetos da investigação científica dos planetas mais longínquos.