Cientistas australianos, em colaboração com franceses e ingleses, têm vindo a trabalhar numa família de materiais que pode ajudar a mudar para sempre o nível de resistência de um telemóvel na sua componente mais frágil, o ecrã. Num artigo publicado na revista Science defendem que a nova combinação de materiais pode permitir criar ecrãs muito mais resistentes para telemóveis, televisores, computadores e outros dispositivos eletrónicos, mas também advertem que serão necessários mais cinco a 10 anos para que os ecrãs de perovskita cheguem ao mercado.
E o que é perovskita? O nome designa um mineral de óxido de titânio e cálcio descoberto nas montanhas urais em 1839 e batizado com o nome do mineralogista russo que o descobriu. Desde então, perovskita tornou-se a designação mais comum para referir cristais com uma estrutura idêntica. Nesse universo, os que pertencem ao grupo dos halogéneos, porque combinam átomos metálicos com cloro, bromo ou iodo, têm chamado particularmente a atenção dos investigadores, por causa das suas propriedades semicondutoras.
Estão por exemplo a ser usados para criar uma nova geração de células fotovoltaicas, mais eficientes na conversão da luz solar em energia elétrica, que as atuais células de silício. Já há aliás uma empresa britânica (Oxford PV) a lançar uma oferta comercial nesta área, relata o The Economist, que avança a notícia.
Estas propriedades também podem ser úteis em muitos domínios da eletrónica e uma equipa liderada por Jingwei Hou da Universidade de Queensland, na Austrália, tem trabalhado nisso mesma, explorando o potencial destes materiais para refletir luz, em resposta a um sinal elétrico. Criou um processo para juntar perovskitas numa mesma superfície e perceber qual a eficácia do material como base para ecrãs.
Este processo consistiu em fixar nanocristais de perovskitas num composto de vidro, com um tratamento especial. A mistura com o vidro ajuda a dar resistência ao material, que em contacto com a humidade do ar se deteriora facilmente, para além de evitar a libertação de partículas tóxicas de chumbo.
O artigo publicado na Science revela agora que os ecrãs feitos à base de perovskitas conseguem produzir imagens nítidas e brilhantes e que esta luz pode ser ajustada para diferentes cores, alterando as características dos nanocristais.
Mas o elemento mais relevante das experiências já realizadas está na resistência que a mistura destes materiais com o vidro acabou por alcançar. Segundo os cientistas, isso acontece graças à estrutura mecânica do vidro, que é esponjosa e que confere à mistura a flexibilidade necessária para se tornar resistente e mais difícil de quebrar. Podem resultar daqui ecrãs inquebráveis? Os investigadores acreditam que sim, mas pela frente ainda têm mais alguns anos de trabalho.
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