A missão Apollo 17 foi a última da NASA a pisar a Lua, mas algumas das amostras que os astronautas Eugene Cernan, Harrison Schmitt e Ronald Evans trouxeram para Terra, em dezembro de 1972, ainda não foram analisadas. É este “presente” com quase 50 anos que a NASA e a ESA se preparam agora para abrir, o que deverá permitir a extração de gases lunares preciosos que podem ter sido preservados na amostra, se não tiver sido danificado.
“A abertura e análise dessas amostras agora, com os avanços técnicos conquistados desde a era Apollo, podem possibilitar novas descobertas científicas na Lua. Isso também pode inspirar e informar uma nova geração de exploradores ”, explicou Francesca McDonald, líder de ciência e projeto da contribuição da ESA para a ANGSA.
A cientista afirma que é um privilégio poder trabalhar com estas amostras que testemunharam a história do nosso Sistema Solar, e viajou com o colega Timon Schild para o Johnson Space Center da NASA em Houston nos EUA, para entregar a ferramenta de perfuração e treinar a equipe de curadoria da amostra lunar sobre como operá-la.
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O recipiente de amostras da Apollo vai ser aberto nas próximas semanas, permitindo a análise do material recolhido pelo astronauta Gene Cernan de um depósito de deslizamento no Vale Taurus-Littrow. Foi usado um tubo cilíndrico de 70 cm de comprimento e metade do conteúdo foi selada num recipiente à prova de vácuo, ainda na superfície lunar.
Quando regressou à Terra, este recipiente foi colocado numa câmara de vácuo adicional onde permaneceu imóvel até hoje.
Os cientistas acreditam que pode haver gases fracamente ligados, como hidrogénio, hélio e gases nobres ainda presos no recipiente da amostra.
A ferramenta de perfuração da ESA, que é chamada de "abre latas Apollo" pela equipa, pode perfurar o recipiente de vácuo de amostra da Lua para ajudar a capturar os gases armazenados, enquanto eles escapam. Estes gases vão ser partilhados com equipas de todo o mundo, incluindo europeias, para serem estudados.
“Cada componente do gás analisado pode ajudar a contar uma parte diferente da história sobre a origem e evolução dos gases voláteis na Lua e no início do Sistema Solar”, explica Francesca McDonald.
A informação agora recolhida com a análise das amostras e o desenvolvimento das ferramentas vai ser usada nas próximas missões à Lua, com os programas Artemis da NASA e Prospect da ESA, mas serão também importantes na exploração de Marte.
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