Hoje, pelas 12h25 UTC, um destroço do que se acredita ser parte da missão lunar chinesa Chang'e 5-T1 colidiu com a Lua. Uma vez que o impacto ocorreu no “lado oculto” do satélite natural da Terra, não foi possível ver o fenómeno ao vivo, nem no nosso planeta, nem através das sondas que orbitam a Lua. No entanto, uma nova animação demonstra agora como seria acompanhar o momento do impacto.
Na animação, criada pela AGI, uma empresa que pertence à Ansys especializada em software utilizado em missões espaciais e de defesa, é possível observar o destroço do foguetão Long March 3C, que levou a missão lunar chinesa Chang'e 5-T1 para o Espaço em 2014, à medida que colide com a Lua, viajando a uma velocidade de mais de 8.851 quilómetros por hora, com o impacto ocorrer na cratera de Hertzsprung.
Veja o vídeo
Como explica a AGI, a animação foi desenvolvida através do software Systems Tool Kit (STK) e do Orbital Determination Tool Kit (ODTK), duas ferramentas usadas para simular missões espaciais.
Anteriormente, a NASA já tinha dado a conhecer que, embora a sonda Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO) não se encontrasse numa posição ideal para captar o momento do impacto, a equipa responsável pela missão está a determinar se será possível realizar observações da superfície lunar e identificar a cratera provocada.
“A missão pode usar as suas câmaras para identificar o local do impacto, comparando imagens antigas com mais recentes. A procura pela cratera será algo desafiante e poderá levar semanas ou meses”, afirmou a agência espacial norte-americana.
De acordo com Bill Gray, astrónomo que descobriu a nova trajetória do objeto há ainda uma possibilidade da sonda indiana Chandrayaan-2 conseguir encontrar o local do impacto.
A AGI também recorreu às suas ferramentas para prever quando será o momento ideal para as sondas tentarem encontrar a cratera provocada pela colisão. De acordo com simulações feitas pela empresa, a LRO passará pela cratera de Hertzsprung a 28 de março. Já a sonda Chandrayaan-2 sobrevoará o local do impacto um pouco mais tarde, a 4 de abril.
Os especialistas indicam que, com alguma sorte, as câmaras das sondas conseguirão captar os resquícios do destroço após o impacto. Além disso, acredita-se a colisão poderá ter exposto uma nova secção da crosta lunar, que poderá ser explorada pelos instrumentos espaciais a orbitar a Lua.
Recorde-se que, atualmente, não existem diretrizes totalmente claras para regular a eliminação de naves espaciais ou módulos superiores enviados para pontos de Lagrange e as opções mais comuns passam por colisões com a Lua ou pela reentrada na atmosfera terrestre, onde os objetos são desintegrados.
Como defendeu anteriormente Holger Krag, responsável pelo Programa de Segurança Espacial da ESA, o impacto de um destroço do calibre daquele que vai colidir hoje com a Lua ilustra a necessidade da adoção de um regime espacial regulatório abrangente, “não apenas para as órbitas economicamente cruciais em redor da Terra, mas também para a Lua”.
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