Já com o problema quase completamente resolvido, a NASA revelou que conseguiu voltar a ter a sonda Maven (Mars Atmosphere and Volatile EvolutioN) operacional e apta para continuar a recolher informação sobre Marte. Em fevereiro foi anunciada a extensão da missão da Maven e logo depois chegaram as más notícias, quando a agência percebeu que tinha perdido o contacto com a Maven.
Já em sobrevida, para além do que estava inicialmente previsto quando a missão foi desenhada e lançada, a Maven voltou ao ativo a 28 de maio depois de uma corrida contra o tempo para substituir o sistema de navegação inercial (IMU) que guiava a sonda por um modo estelar, que já estava a ser desenvolvida, mas que só iria estar pronto em outubro.
A Maven foi lançada em novembro de 2013 e entrou na órbita de Marte em setembro de 2014. A sua missão é recolher dados que permitam estudar a atmosfera superior do planeta, a ionosfera, as interações com o Sol e o vento solar, para compreender a perda da atmosfera marciana e o impacto que isso foi tendo no clima, na existência de água líquida e nas condições de habitabilidade do planeta. A missão foi inicialmente pensada para um ano. A Maven foi resistindo e já vai na quinta missão, com planos claros para continuar a explorar Marte por mais alguns anos.
O evento que podia ter precipitado o fim da aventura da Maven, foi detetado no dia 22 de fevereiro, quando a sonda - que pode ver em ação na animação da NASA do vídeo abaixo - perdeu o contacto com a equipa em Terra, depois do IMU-1 ter executado uma tarefa de rotina. Este sistema serve para determinar a altitude da sonda, a partir da sua taxa de rotação. Se não funcionar, as equipas em Terra deixam de poder controlar e conhecer os movimentos da sonda.
A Maven integra um IMU principal e uma réplica de backup. Depois de um reboot ao sistema ter permitido concluir que o IMU-1 continuava sem funcionar foi ativado o IMU-2, que meses antes já tinha dado sinais de desgaste. Como o IMU-2 ativo, a Maven manteve-se a funcionar e em conexão com as equipas em Terra, mas em modo de segurança a aguardar novas ordens, o que significa que todas as tarefas previstas de investigação ficaram em espera.
A equipa da missão já estava a desenvolver um sistema de navegação alternativo ao IMU, que permite a navegação orientada por estrelas, uma prática habitual nestes dispositivos, quando os IMUs começam dar sinais de estar em fim de vida, mas o plano inicial era implementá-lo apenas em outubro. Foi preciso acelerar o trabalho.
"A equipa realmente acelerou para responder a uma ameaça fatal", admite Rich Burns, o gestor do projeto MAVEN no Centro de Voo Espacial Goddard da NASA, em Greenbelt, Maryland. "Quando percebemos, no Outono, que o IMU-2 estava a degradar-se, sabíamos que teríamos de encurtar o prazo de transição para o modo totalmente estelar. A equipa aceitou o desafio, trabalhando sob intensa pressão após a anomalia".
Acabou por ser possível terminar o desenvolvimento do modo estelar em abril e atualizar o software da sonda, para que o IMU-2 fosse desligado o mais rapidamente possível e a esperança de vida que ainda lhe resta possa ficar reservada para uma emergência futura.
Depois da atualização seguiram-se vários testes de software, que continuam. A Maven já “voltou ao ativo”, ainda com algumas limitações na utilização dos diversos instrumentos que integra, que serão resolvidos à medida que os testes e configurações necessárias terminam.
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