
"Fornecer soluções que permitam aos cidadãos europeus ter uma vida mais longa e saudável" é o objetivo da rede apoiada pela União Europeia, o EIT Health, do qual Portugal faz parte. O SAPO TEK conversou com Nuno Viegas, regional manager de Portugal do EIT Health Innostars, que nos explicou o potencial do programa e o contributo do país nesta área.
Apostando na "promoção da inovação", a organização sem fins lucrativos e uma parceria público-privada europeia em inovação em saúde com mais de 140 parceiros, conecta as "pessoas certas e os tópicos certos através das fronteiras europeias", para que a inovação decorra através da interseção entre investigação, educação e negócios, em benefício dos cidadãos europeus.
“Desde a sua criação em 2016 o EIT Health já contribuiu para o lançamento de mais de 35 produtos no mercado e apoiou mais de 400 startups”
Quanto a mais números, o especialista doutorado em imunologia e doenças infecciosas garante que o programa já treinou mais de 11.000 profissionais de saúde, envolveu mais de 800 pessoas, 48% delas mulheres, e integrou-se em mais de 60 peritos em projetos de inovação que irão contribuir para criar novas soluções e produtos na área da saúde. Em termos de financiamento, as startups apoiadas pelo EIT Health já levantaram mais de 90 milhões de euros desde 2016.
Este ano o financiamento foi de 85 milhões de euros e, de acordo com o regional manager de Portugal, tem sido distribuído em projetos de inovação, programas de educação e de criação de negócios na área da saúde.
A este programa podem-se candidatar empreendedores e startups, que poderão contar com o apoio do EIT Health. Para isso terão de submeter a sua candidatura até 31 de dezembro. Mas o programa disponibiliza ainda formações para os cidadãos, estudantes, profissionais e executivos na área da saúde.
Qual a contribuição de Portugal e os desafios a serem enfrentados?
O país é uma das regiões InnoStars do programa, o que significa que o ritmo geral de inovação é ainda moderado. O EIT Health InnoStars reúne 21 parceiros principais e associados e apresenta como principais regiões geográficas Portugal, Hungria, Polónia e Portugal.
Os quatro parceiros principais e os 17 parceiros associados do EIT Health InnoStars beneficiam da capacidade exclusiva do EIT Health "de facilitar a colaboração entre as entidades inovadoras em saúde da região, incluindo universidades, empresas globais de assistência médica, empresas iniciantes, empreendedores, institutos acadêmicos / de pesquisa e criação de empresas especializadas", explica o também membro do departamento de desenvolvimento de negócios da farmacêutica Janssen.
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No caso de Portugal, Nuno Viegas identificou quatro pontes fortes nesta parceria. Para além do acesso garantido aos maiores centros médicos de geriatria em Portugal e na Europa Central, o país pode ainda contar com parceiros industriais nos campos de TIC, medicina e biofarma. Entre outros aspetos, o especialista destaca ainda a importância de uma incubadora de base científica em Coimbra, com um foco especial na transferência de tecnologia e criação de spin-offs.
Quanto a projetos nacionais, o especialista destacou, nomeadamente, o Healthy Lifestyle Innovation Quarters for Cities and Citizens, cujo objetivo é melhorar o estilo de vida da população, promovendo a interação entre cidadãos e as universidades, empresas de saúde e os governos locais. A acontecer na Holanda e em Portugal, os cidadãos são colocados numa "sala de estar saudável" para testar tecnologias e receber mensagens simples e precisas sobre estilos de vida saudáveis.
As tecnologias já são encaradas pela Organização Mundial da Saúde como algo que pode oferecer "possibilidades ilimitadas para melhorar a saúde", mas Nuno Viegas garante que existem alguns desafios que têm de ser ultrapassados em Portugal. Para o especialista, a maior dificuldade no país está na falta de mentores com experiência na criação de empresas de sucesso e também na falta de capital para investimento na área da inovação na área da saúde.
A nível global, Nuno Viegas faz referência a desafios como o envelhecimento da uma população, a globalização do mercado da saúde, os avanços clínicos e tecnológicos, bem como o aumento dos salários dos profissionais de saúde. Mas o especialista considera que tecnologias como a telemedicina e os sensores eletrónicos vão facilitar esta transição.
Em Portugal são parceiros do EIT Health a Glintt, a Bluepharma, o Instituto Pedro Nunes, a Universidade de Coimbra, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra EPE, a Universidade de Lisboa, a Universidade de Évora e a Universidade do Porto.
Facilitar, colaborar, criar e educar são as palavras de ordem
Para alcançar o objetivo final que pretende alcançar, o EIT Health quer "facilitar a inovação para melhorar a saúde dos cidadãos europeus", apostando em projetos de inovação, worskhops e programas para startpups. Para além disso, promove a colaboração e apoia os inovadores através de acesso a finciamento, experiência e acesso ao mercado.
Colaborar além fronteiras europeias e levar "as partes interessadas a uma mesa comum" é outra missão do projeto, que para isso, constrói laços entre a indústria, investigação e educação, quebrando "barreiras existentes", aumentando o empreendedorismo e ajudando a construir "um ecossistema de saúde mais forte na Europa".
A rede EIT Health integra entidades que criam soluções prontas para utilização com o seu apoio, numa altura em que outro objetivo é melhorar a educação em saúde, promover estilos de vida saudáveis e ajudar os profissionais de saúde a crescer, tal como garante Nuno Viegas.
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