A pandemia de COVID-19 tem tido efeitos positivos para o planeta e há mais uma prova disso mesmo. Todos os anos é divulgado o dia em que a humanidade atinge o limite do uso sustentável de recursos naturais disponíveis para esse ano, habitualmente designado por Overshoot Day (Dia de Sobrecarga da Terra). Em 2020, o limite é atingido a 22 de agosto, um pouco mais que três semanas mais tarde do que em 2019, no qual foi alcançado a 29 de julho.

Em comunicado, a Global Footprint Network explica que a data reflete a redução de 9,3% da pegada ecológica da humanidade entre 1 de janeiro e o Dia de Sobrecarga da Terra em comparação com o mesmo período do ano passado. Com os números a ditarem uma consequência direta dos bloqueios introduzidos pela COVID-19 em todo o mundo, as reduções da procura de madeira e das emissões de CO2 são os principais fatores que ajudam a explicar esta mudança.

Depois de se saber que maio deste ano foi o mês mais quente desde que há registos, nem tudo parece estar a piorar no planeta Terra. Entre 1970 e 2020 a tendência tem sido um aumento da pegada ecológica, mas há uma clara mudança como se verifica nesta tabela.

Evolução do Dia de Sobrecarga da Terra
Evolução do Dia de Sobrecarga da Terra

Ainda assim, a Global Footprint Network avisa que a "súbita" alteração de tendência está "muito longe da intencional necessária para alcançar o equilíbrio histórico e o bem-estar da população". Num pleno contexto de pandemia, o CEO da organização, Laurel Hanscom defende que "tornar a regeneração central para esforços de reconstrução e recuperação tem o potencial de solucionar os desequilíbrios na sociedade e a relação com a Terra".

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Todos os anos, o Dia de Sobrecarga da Terra assinala a data em que a humanidade utilizou todos os recursos biológicos que o planeta pode renovar durante o ano inteiro. Atualmente, o ser humano utiliza 60% a mais do que aquilo que pode ser renovado, como se vivessemos em 1,6 planetas.