Despois da desmontagem do modelo de teste, o foguetão europeu Ariane 6 “a sério” já ocupa o seu "pedestal" no porto espacial na Guiana Francesa. Aguarda agora pelos “passageiros” que vai levar à boleia no seu voo inaugural, para lançar no espaço, e que incluem experiências científicas diversas, implantadores e satélites de agências espaciais, empresas, institutos de investigação e universidades, como é o caso do ISTSat-1, desenvolvido pelo Instituto Superior Técnico.
Integrando a classe dos CubeSat 1U, isto é, um satélite cúbico com 10 centímetros de aresta, o ISTSat-1 tem como missão a demonstração de um sistema de deteção de aviões através de sinais ADS-B (automatic dependent surveillance - broadcast), desenvolvido especificamente para este satélite.
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“Este sistema é mais pequeno, mais simples, e consome menos energia do que as alternativas disponíveis comercialmente”, explicou ao SAPO TEK João Paulo Monteiro, investigador no IST NanosatLab e engenheiro de sistemas do ISTSat-1, numa fase em que o satélite já tinha passado por todos os testes para voar com o novo foguetão da ESA e faltava apenas a entrega de documentação técnica.
“O objetivo da missão será avaliar o desempenho do recetor, sendo que a expetativa é que seja semelhante às alternativas comerciais em termos de eficácia na deteção de aviões”.
Inicialmente previsto para 2020, o primeiro voo do foguetão Ariane 6 foi adiado diversas vezes, mas tem, desde o final do ano passado, uma nova data de lançamento marcada para entre 15 de junho e 31 de julho.
Veja o vídeo preparado pela ESA de animação do lançamento do Ariane 6 com dois propulsores
O fim de missão do foguetão Ariane 5 colocou a Europa a braços com crise espacial, sobretudo devido aos problemas do Vega-C e sem possibilidade de recorrer aos Soyuz da Rússia, pelo que este é um momento de grande importância para as ambições espaciais da UE.
Além do satélite do IST, que volta a colocar Portugal no mapa espacial depois do PoSAT-1, de há 30 anos, e do Aeros MH-1, lançado no início do mês, o modelo de mais de 60 metros de altura e perto de 900 toneladas vai também dar boleia a missões destinadas a medir raios gama, monitorizar a vida selvagem, testar células solares “autocurativas” ou mesmo cápsulas destinadas a reentrar na atmosfera da Terra para testar novos materiais.
Depois da desmontagem do modelo de teste e da transferência por partes da versão final para plataforma de lançamento, na Guiana Francesa, nomeadamente do estágio principal e o estágio superior, que foram carregados no veleiro híbrido Canopée, construído especificamente para esse fim, o Ariane 6 vai agora começar a alojar os seus vários passageiros.
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