O lançamento do nanosatélite, desenvolvido e fabricado em Portugal, foi um dos acontecimentos mais importantes deste mês, sendo acompanhado com interesse pela comunidade científica também porque conseguiu boleia do novo foguetão europeu, o Ariane 6, numa primeira missão que é relevante para o futuro da exploração espacial na Europa. A equipa do Instituto Superior Técnico (IST) dá agora conta de que o ISTSat-1 está "em órbita e funcional", e que a comunicação tem sido feita com a equipa de projeto em Terra.
"Sempre que a órbita do ISTSat-1 sobrevoa Oeiras, independentemente da hora, há sempre alguém a tentar descodificar os sinais que o satélite envia para a Terra, no polo do Instituto Superior Técnico no Taguspark, na estação de rastreio de Satélites (ERS-IST)", refere o IST em comunicado. Os sinais são recebidos especialmente durante a noite, quando o ruído eletromagnético é mais baixo, e já foram descodificados vários pacotes de telemetria que mostram o estado operacional do nanosatélite.
Nas primeiras horas depois do lançamento ainda existiu alguma incerteza. “Nas horas que se seguiram ao lançamento, a busca pelos sinais do ISTSat-1 foi bastante complexa: foram lançados oito satélites em simultâneo e não existindo informação precisa sobre onde encontrar o ISTSat-1, o rastreio foi, sobretudo, um trabalho de paciência”, conta João Paulo Monteiro, investigador do Instituto Superior Técnico. Os primeiros sinais foram captados por um radioamador belga, que ouviu e gravou o primeiro sinal do ISTSat-1, e no dia seguinte a equipa do satélite conseguiu captar o mesmo sinal.
Este é o momento registado no lançamento do ISTSat-1 para o espaço
Agora, a informação está mais estabilizada. O satélite encontra-se numa órbita baixa circular, a 580 km da Terra e depois de ser colocado em órbita "as antenas abriram corretamente; o algoritmo que "trava" a rotação do satélite após o lançamento funcionou, estando este praticamente parado; os painéis solares estão a funcionar e a bateria está carregada; a temperatura dos vários sistemas, apesar de baixa (cerca de 4 ºC), está de acordo com as previsões". Estas são boas notícias de que a equipa de projeto dá conta indicando ainda que já se experimentou emitir comandos para o satélite tendo-se obtido, da parte deste, a correspondente resposta.
“Este conjunto de informações indica que o ISTSat-1 está estável e, em geral, a funcionar como o esperado”, explica João Paulo Monteiro, investigador do Instituto Superior Técnico.
Há ainda fatores a melhorar e a indicação é que a força dos sinais do ISTSat-1 que têm chegado a Terra são mais fracos do que era esperado. A baixa potência dos sinais recebidos sugere que pode haver problemas com a transmissão do satélite”, admite João Paulo Monteiro.
A equipa do ISTSat-1está agora focada em encontrar soluções para melhorar a receção do sinal, o que pode ser feito através da instalação de antenas com mais ganho nas instalações da ERS-IST, assim como da implementação de algoritmos de correção de erros na descodificação.
Veja o vídeo
Estas soluções vão ser testadas ao longo das próximas semanas, e a equipa diz que é expectável que seja então possível retomar a operação nominal do satélite. "A partir dessa altura começará a ser possível testar a capacidade de deteção da presença de aviões em zonas remotas", refere.
O projeto é coordenado por Rui Rocha, professor do Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores (DEEC) do Técnico, investigador no Instituto de Telecomunicações (IT) e diretor e um dos fundadores do IST NanosatLab. O ISTSat-1 foi integralmente feito por estudantes e professores do Técnico, com exceção dos painéis solares, sendo da categoria de nanosatélites. O cubo de 10x10x10 - com arestas com 10cm – tem o tamanho uniformizado internacionalmente para este tipo de aparelhos e "explora o potencial da nanotecnologia na eletrónica".
Veja as imagens da equipa de projeto do ISTSat-1
Leva a bordo cinco placas, sendo quatro delas o que se designa por plataforma e que tem de existir em todos os satélites. Todas têm um processador, uma delas é a chamada carga útil do satélite - a placa responsável pela missão - e o resto faz parte da plataforma, incluindo o computador de bordo que controla tudo e o subsistema de comunicações.
Recorde as imagens do lançamento do Ariane 6 com o ISTSat-1 a bordo
O Ariane 6 é o mais recente foguetão de uma série que, há cinco décadas, lança a Europa em direção às estrelas no capítulo das chamadas cargas pesadas e quer marcar uma nova geração de “máquinas espaciais” mais versátil, modular e sustentável.
O Ariane 6 vai existir em duas versões, com dois ou quatro propulsores acoplados, dependendo da força que a missão exija. Versátil, o seu estágio superior pode reacender várias vezes durante um único voo, colocando qualquer nave espacial em qualquer órbita - incluindo constelações -, da mesma forma que poupa um impulso final para regressar e queimar na atmosfera da Terra. Com caraterísticas modulares, “será continuamente adaptado às necessidades do futuro setor espacial”, escreve a ESA.
Conheça o novo foguetão da ESA num “resumo” em vídeo preparado pela ESA
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