Nos últimos dias o robot que é uma espécie de laboratório científico com rodas tem estado atarefado no seu "escritório empoeirado", preparando tudo para recolher as primeiras amostras de rochas em Marte, a diretiva principal da missão Mars 2020.
Este é um momento muito aguardado pelos cientistas que têm analisado várias hipóteses na cratera Jazero, onde o Perseverance "amartou" a 18 de fevereiro e que foi escolhida precisamente por se considerar que contém amostras importantes para determinar se já existiu vida no Planeta Vermelho.
São mais de 10 anos de preparação, que vai desde o equipamento do robot ao software e estudo pela equipa do Perseverance, mas que têm sido "afinados" nos 164 dias que o rover já conta em solo marciano.
E por fim tudo correu como planeado. A recolha já foi feita às primeiras horas desta sexta feira, e agora falta analisar a rocha.
A NASA acredita que nesta cratera é possível aceder a camadas mais expostas do leito rochoso, e encontrar respostas científicas que permitam conhecer melhor o passado de Marte e preparar as próximas missões humanas ao planeta.
O Perseverance já partilhou imagens das rochas que tem vindo a "investigar" nos últimos meses, com a ajuda dos vários instrumentos a bordo, onde as câmaras, o braço robótico e também os laser são fundamentais para esta missão de recolha de amostras de Marte.
Bobby Braun do Jet Propulsion Laboratory da NASA confessou que desde que era um jovem engenheiro este foi um dos seus focos de carreira, e que este é um momento que cientistas e engenheiros em todo o mundo têm estado focados nas últimas décadas.
Os instrumentos a bordo do Perseverance permitem fazer uma série de análises científicas das amostras, mas uma parte da investigação exige aparelhos que só estão disponíveis na Terra. Só trazendo amostras se vai conseguir perceber a idade real de Marte e a história detalhada da existência de água, evolução climática e potencial presença de vida, explica o cientista.
O objetivo é recolher pelo menos 35 amostras de rochas de várias unidades geológicas e superfícies diferentes. O material que o Perseverance vai recolher será depois selado e guardado dentro do rover para ser recolhido por uma missão futura, em parceria com a ESA, que vai transportar as amostras para a Terra.
O mapa abaixo mostra o percurso do Perseverance nos 164 dias que já passou em Marte, a sua localização e também a do helicóptero Ingenuity que tem mostrado uma resiliência para lá do expectável.
Uma rocha antiga
A primeira rocha recolhida pode ser a mais antiga que o Perseverance vai recolher, como o robot "partilhou" num tweet, indicando que é um bom início para a sua coleção.
Apesar do momento histórico, este é ainda o princípio de uma missão que se espera venha a trazer muito mais conquistas. O robot Perseverance e o helicóptero Ingenuity partiram para Marte a 30 de julho de 2020 e "amartaram" a 18 de fevereiro e somam já mais de 160 dias marcianos, quase 200 mil imagens captadas e vários recordes atingidos.
Nos próximos meses vamos continuar à espera de mais descobertas científicas, até porque a missão que deverá durar pelo menos um ano marciano, o que corresponde a 687 dias na Terra, mas pode estender-se durante muito mais tempo, à semelhança dos rovers InSight e Curiosity que continuam a explorar o Planeta Vermelho.
O mapa da NASA mostra os locais de "amartagem" bem sucedidos, da agência espacial norte americana e também da agência chinesa, que este ano se juntou ao reduzido leque de exploradores em Marte.
Nota da redação: A notícia foi atualizada com mais informação
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