A NASA está a trabalhar no desenvolvimento de tecnologias para lidar com um dos maiores desafios na exploração lunar: o pó. Aparentemente simples, este problema representa riscos significativos para a segurança e sustentabilidade de futuras missões na Lua, afetando tanto os equipamentos como os astronautas.

Recentemente, a agência realizou testes a bordo de um foguetão suborbital da Blue Origin para simular a gravidade lunar e avaliar a eficácia de sete tecnologias destinadas a lidar com este obstáculo. Mas o que faz do pó lunar um problema?

Na Lua, a ausência de uma atmosfera cria condições extremas que permitem ao pó ser facilmente levantado, seja pelos jatos de aterragem das naves ou por cargas eletrostáticas naturais. Além disso, o pó lunar é particularmente perigoso devido às suas partículas microscópicas, de forma irregular e aderência magnética, que podem causar danos a fatos espaciais, sistemas mecânicos e até à saúde humana.

“Estas partículas finas podem passar despercebidas a olho nu, mas são altamente abrasivas e prejudiciais”, aponta Kristen John, responsável pela Iniciativa de Inovação da Superfície Lunar da NASA.

Além dos danos físicos, o pó pode reduzir a eficiência de painéis solares, comprometer sistemas térmicos e dificultar a visibilidade em câmaras, janelas e viseiras. A acumulação também pode impactar o funcionamento de equipamentos durante as noites lunares, quando as temperaturas descem drasticamente.

ClothBot, Electrostatic Dust Lofting (EDL) e Hermes Lunar-G estão entre as tecnologias testadas, cada uma com abordagens inovadoras para compreender e mitigar os efeitos do pó lunar.

O ClothBot é um pequeno robot que simula a libertação de pó de um tecido de fato espacial em movimento, como durante a remoção de um fato. Um sistema de imagem a laser captura a trajetória das partículas em tempo real, enquanto sensores medem a quantidade e o tamanho do pó libertado. Os dados ajudarão a modelar a forma como o pó se espalha em ambientes pressurizados, como módulos lunares.

Já o Electrostatic Dust Lofting é um projeto que examina como o pó lunar se eleva devido a cargas eletrostáticas geradas pela exposição à luz ultravioleta. Durante o teste, uma câmara registou o comportamento do pó à medida que este se elevava, fornecendo informações críticas para o desenvolvimento de modelos preditivos.

Usando hardware adaptado da Estação Espacial Internacional, a Hermes Lunar-G estuda as propriedades mecânicas do regolito lunar (solo da Lua). Canisters comprimem e descomprimem amostras de regolito, enquanto sensores e câmaras de alta velocidade registam os dados, que serão comparados com experiências anteriores em gravidade zero.

Veja o vídeo produzido pela NASA

Estas iniciativas fazem parte do programa Game Changing Development, que integra a estratégia tecnológica da NASA para garantir que o pó não prejudique os sistemas e operações na Lua.

A compreensão do comportamento do pó lunar terá impactos significativos não só para a exploração lunar, mas também para futuras missões em Marte e outros ambientes extremos, sublinha a NASA.