Um grupo de paleontólogos portugueses e espanhóis descobriu uma nova espécie de dinossauro carnívoro terópode a partir de fósseis encontrados em arribas dos concelhos de Torres Vedras e da Lourinhã. Os cientistas indicam que o Lusovenator santosi habitou a Bacia Lusitaniana, hoje o oeste de Portugal, há aproximadamente 145 milhões de anos, demonstrando que a espécie já estava presente no hemisfério norte 20 milhões de anos antes do que indicava o registo conhecido.
O Lusovenator, ou “caçador da Lusitânia”, pertence ao grupo dos carcharodontossáurios e a sua descrição foi recentemente publicada na revista científica Journal of Vertebrate Paleontology.
O nome específico da espécie, santosi, é uma homenagem a José Joaquim dos Santos, o paleontólogo que durante mais de 30 anos descobriu um grande número de jazidas na faixa costeira do oeste de Portugal, em colaboração com os grupos de investigação que trabalham na região, e que foi o responsável pela descoberta dos fósseis da nova espécie.
Numa primeira fase, os fósseis foram atribuídos ao dinossauro carnívoro terópode Allosaurus, mas uma análise mais detalhada do material permitiu aos paleontólogos identificar um conjunto de características exclusivas e estabelecer o novo género e espécie.
A cargo do estudo esteve Elisabete Malafaia, investigadora do Instituto Dom Luiz (IDL), polo da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa), contando com a colaboração de paleontólogos ligados ao IDL, ao Grupo de Biologia Evolutiva da UNED, em Madrid, na Espanha, à Sociedade de História Natural, em Torres Vedras e ao Natural History Museum of Los Angeles County, na Califórnia, nos EUA.
Para a investigadora que liderou o estudo, a descoberta representa um elemento significativo para entender a história evolutiva dos carcharodontossáurios e destaca o papel que a Península Ibérica teve durante o final do Jurássico na dispersão de várias espécies, algumas das quais muito relevantes nos ecossistemas que se desenvolveram depois no período Cretácico.
De acordo com a Ciências ULisboa, a nova espécie identificada em Portugal é sensivelmente da mesma idade do que os registos de carcharodontossáurios mais antigos encontrados na Tanzânia, em África, e apresenta-se como a primeira prova da existência do grupo de dinossauros no Jurássico Superior do hemisfério norte.
A coleção de restos fósseis descobertos por José Joaquim pertence atualmente à Câmara Municipal de Torres Vedras e é gerida pela Sociedade de História Natural de Torres Vedras. O espólio de faunas de vertebrados do Jurássico Superior da Bacia Lusitânica permitiu também a descrição de diversas novas espécies de dinosauros, incluindo o saurópode Oceanotitan dantasi e o pequeno ornitópode Eousdryosaurus nanohallucis, bem como a tartaruga Hylaeochelys kappa.
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