Um novo relatório da Agência Internacional da Energia (IEA, na sigla em inglês) revela que, se o mundo pretende atingir os seus objetivos de descarbonização até 2050 de modo a evitar uma crise climática ainda catastrófica, terá de lidar com a escassez de metais como níquel, cobalto ou lítio e de minerais necessários para o desenvolvimento de tecnologias de energia alternativas.

Em comunicado, Fatih Birol, diretor executivo da IEA, afirma que os mais recentes dados demonstram que há uma “incompatibilidade entre as fortes ambições climáticas do mundo e a disponibilidade de minerais críticos que são essenciais para realizar os objetivos a que se propõe”.

O responsável sublinha que as vulnerabilidades poderão tornar o progresso com vista a um futuro com energias “verdes” num processo lento e dispendioso, dificultando os esforços que estão a ser realizados a nível internacional para lutar contra as alterações climáticas.

Os dados partilhados pela IEA dão a conhecer que, de modo geral, as necessidades do setor da energia por metais e minerais críticos pode aumentar seis vezes mais até 2040. Em alguns casos, o fosso entre oferta e procura é ainda maior. Por exemplo, a IEA estima que a procura por grafite aumente 25 vezes mais nos próximos 20 anos e que a de lítio cresça 70 vezes mais.

A questão torna-se ainda mais complicada quando se considera que a produção de metais e minerais raros está altamente concentrada em determinados países. O relatório indica que, atualmente, 70% de todo o cobalto vem da República Democrática do Congo e que 60% dos minerais raros e 64% da grafite vêm da China.

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Recorde-se que, em muitos dos casos, o negócio da extração destes metais e minerais está a pôr em causa ecossistemas e recursos naturais, além de recorrer sistemas de trabalho forçado,  tal como revelou uma recente investigação da Amnistia Internacional.