Nos últimos meses, a NASA tem tentado gerir a crise energética que se abateu sobre o rover InSight, que está em Marte desde 2018. A acumulação de poeira nos painéis solares está a dar dores de cabeça à agência espacial norte americana mas os resultados dos vários esforços não têm sido os melhores.

A quantidade de poeira reduziu drasticamente a quantidade de energia que os dois painéis deviam produzir, exigindo que alguns dos instrumentos científicos integrados fossem desligados temporariamente para “poupar baterias”.

“A acumulação de poeira nos painéis solares tem sido considerável. Temos cerca de 80% de obscurecimento das matrizes”, apontou Bruce Banerdt, investigador principal da missão no Jet Propulsion Laboratory.

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O responsável referiu recentemente, durante uma reunião do Mars Exploration Program Analysis Group, que a quantidade de energia disponível para o módulo de pouso por dia marciano caiu de quase 5.000 watts-hora logo após a chegada, em novembro de 2018, para os menos de 700 watts-hora atuais.

O rover faz parte da "equipa" de laboratórios ambulantes e exploradores que estão atualmente no terreno e em órbita do Planeta Vermelho, onde se incluem as adições mais recentes do Perseverance e do helicóptero Ingenuity, mas também um robot Zhurong da China.

Um mapa partilhado pela NASA mostra as "amartagens" bem sucedidas.

mapa de marte
créditos: NASA

Missão alargada em Marte

O rover foi construído para durar e enfrentar as adversidades do planeta vermelho e a diminuição de energia era esperada. A missão foi projetada para ter “bateria” suficiente para a principal missão, que durou um ano marciano - ou 687 dias terrestres -, mas, entretanto, os planos foram alargados, e estava agora previsto que o veículo robótico iria operar até ao final de 2022, com o objetivo de recolher dados sísmicos adicionais.

Apesar de não necessitar de muita energia, o pó acumulado e a agressividade e imprevisibilidade do inverno de Marte estão a colocar em causa a vitalidade do rover. A equipa estava a contar com alguns “eventos de limpeza”, em que os ventos acabam por remover parte dos detritos, mas isso não chegou a acontecer. Outras tentativas, como "abanar" os painéis, também falharam.

Mais recentemente, a equipa por detrás da missão tentou usar o braço robótico da sonda para ajudar na limpeza, registando algum sucesso, com um aumento temporário da produção de energia, mas não o suficiente.

Marte deverá alcançar o afélio - o ponto mais distante do sol na sua órbita - daqui a cerca de dois meses, altura após a qual a luz solar deverá aumentar ligeiramente, fazendo que o mesmo aconteça com os níveis de energia. Até lá vai ser “extremamente desafiante” operar o rover InSight e, especialmente, gerir os seus instrumentos, sublinhou Bruce Banerdt, citado pelo site Space News.

E a partir daí também. O responsável salvaguardou que o aumento de energia, a existir, além de escasso será temporário. Prevê-se que os níveis de energia voltem a baixar em abril e, se a recuperação, entretanto, não for robusta, será por essa altura que a missão InSight “morrerá”.

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