O transporte marítimo tem um impacto direto na degradação da qualidade do ar em muitas cidades costeiras. Os navios queimam combustível para obter energia e emitem diferentes tipos de poluição. Num estudo de 2018 estimava-se que as emissões feitas pelos navios fossem responsáveis globalmente por cerca de 400.000 mortes prematuras de cancro no pulmão e doenças cardiovasculares e 14 milhões de casos de asma infantil todos os anos.
Por esse motivo, na última década foram iniciados esforços para criar regulamentação internacional sobre as emissões por parte dos navios. Desde janeiro de 2020, o teor máximo de dióxido de enxofre nos combustíveis de navios foi reduzido globalmente de 3,5% para 0,5% .
As emissões de dióxido de azoto também deverão ser limitadas nos próximos anos, aponta a Agência Espacial Europeia, mas rastear navios para cumprir esses regulamentos ainda é um problema: o oceano cobre grandes áreas, com pouca ou nenhuma capacidade de realizar controlos locais. É aqui que os satélites, como o Sentinel-5P da rede Copernicus, podem tornar-se úteis.
Até há pouco tempo, as medições de satélite tinham que ser agregadas e calculadas ao longo de meses ou mesmo anos para descobrir rotas de navegação, limitando o uso de dados de satélite para controle e fiscalização. Agora, num estudo recente, uma equipa internacional de cientistas descobriu "clarões solares" sobre o oceano, anteriormente não considerados, em dados de satélite, que se assemelham a plumas de emissões de navios.
A ESA explica que estes "clarões" ocorrem quando a luz do sol é refletida na superfície do oceano no mesmo ângulo em que um sensor de satélite o vê. Como a superfície da água é irregular, a luz do sol é espalhada em diferentes direções, deixando faixas de luz “borradas” nos dados.
Os algoritmos de satélite tendem a confundir tais superfícies brilhantes com nebulosidade, razão pela qual, por muito tempo, o brilho do sol foi considerado um problema nas medições de satélite.
Com as novas medições, combinadas com as informações de localização do navio, e levando em consideração o efeito do vento que sopra as plumas de emissão para longe das chaminés dos navios, é agora possível “mostrar que essas estruturas combinam quase perfeitamente com os rastos do navio”.
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