A Agência Espacial Europeia (ESA na sigla em inglês) revelou um estudo que identifica dióxido de azoto atmosférico, um poluente nocivo com impactos significativos na qualidade do ar, no clima e na biosfera. Detetar e quantificar as emissões de dióxido de azoto ou dióxido de nitrogénio é fundamental para compreender o seu impacto ambiental e para desenvolver estratégias de redução da poluição atmosférica.
A nova investigação mostra que os satélites europeus Copernicus Sentinel-2, em conjunto com os satélites Landsat dos EUA, conseguem detetar e medir plumas de dióxido de azoto provenientes de determinadas centrais elétricas com uma “precisão notável”.
O estudo centrou-se em centrais elétricas na Arábia Saudita e nos Estados Unidos. Os investigadores utilizaram imagens das bandas espectrais azul e ultra-azul dos satélites para identificar as plumas de dióxido de azoto. “As imagens de alta resolução permitiram estimar as taxas de emissão de óxidos de azoto de várias grandes centrais elétricas, incluindo as de Riade, na Arábia Saudita, e de Wyoming, nos EUA”, explica a ESA.
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Uma das principais conclusões foi obtida na central elétrica 9 de Riade, onde uma análise de 13 anos, de 2009 a 2021, revelou variações sazonais significativas nas emissões. Durante o verão, quando a utilização do ar condicionado é elevada, as emissões atingiram o seu pico.
O dióxido de azoto é liberto pela combustão de combustíveis fósseis, por veículos e centrais elétricas desenvolvidas pelo homem. Mas também surge naturalmente mediante relâmpagos ou incêndios florestais. Algumas das consequências do dióxido de azoto são problemas de qualidade do ar, problemas respiratórios e smog. O responsável pela cor castanho-amarelada do smog é o dióxido de azoto, explica a ESA.
Desde a década de 1990 e até agora, as concentrações de dióxido de azoto eram cartografadas por satélites como o Sentinel-5P do Copernicus, mas a resolução era “demasiado grosseira” e não permitia identificar fontes específicas sem cálculos adicionais.
Por seu lado, os Sentinel-2 são utilizados tradicionalmente utilizados na monitorização da cobertura do solo, da vegetação e das massas de água, devido à sua resolução espacial fina. Pode ser utilizado para obter imagens do Arquipélago da Madeira “sem nuvens” ou para acompanhar o recuar do gelo no Ártico.
Mas, os mais recentes avanços, revelaram uma nova aplicação para os Sentinel-2: monitorizar a qualidade do ar, através da deteção de plumas de dióxido de azoto. “Esta capacidade resulta da sua elevada resolução espacial, que lhe permite captar imagens detalhadas que podem revelar a presença de dióxido de azoto na atmosfera”.
Ao utilizar as bandas do visível e do infravermelho próximo com os poderosos equipamentos de imagem dos Sentinel-2, os investigadores podem agora identificar as emissões de dióxido de azoto de fontes específicas, como de centrais elétricas. Quando combinadas com os registos de longo prazo dos satélites Landsat, é possível identificar as tendências das emissões ao longo do tempo.
A missão Copernicus Sentinel-2 é composta por dois satélites idênticos na mesma órbita. Cada satélite transporta uma câmara multiespectral para captar imagens de alta resolução da superfície da Terra, para monitorizar a terra e os recursos naturais. Em setembro, o terceiro satélite Sentinel-2 será enviado para órbita.
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