Os sistemas solares fotovoltaicos (PV) no telhado podem contribuir significativamente para a transição energética da Europa e Portugal é um dos países com maior potencial económico. A conclusão é de um estudo de investigadores da Comissão Europeia e do Instituto Europeu de Investigação e Tecnologia, que analisou imagens de satélites, preços da eletricidade e dados das terras para avaliar o potencial energético inexplorado nos edifícios da Europa.

De acordo com a investigação, o papel da radiação solar incidente por país desempenha um papel importante nos países do sul da União Europeia (UE), como em Itália, Espanha, Portugal, Chipre e Malta, onde a eletricidade solar pode ser produzida entre 6 e 12 cêntimos/kWh. E isto deve-se “principalmente à alta produtividade dos sistemas fotovoltaicos”, pode ler-se no relatório.

Quanto ao potencial da energia fotovoltaica no consumo final de eletricidade, os autores consideram que, para além de Chipre e Malta, o caso português também se destaca. "O excelente potencial solar é associado a condições favoráveis de financiamento e a preços de retalho bastante altos", explicam os autores, referindo que estes países poderiam cobrir uma parcela muito alta das suas necessidades de eletricidade, desenvolvendo sistemas fotovoltaicos no telhado, nos locais com mais vantagens.

Estudo sobre a energia solar fotovoltacia na UE
Potencial da cobertura de energia solar fotovoltacia na UE

Neste sentido, o relatório defende que Portugal é um dos países onde este sistema deverá arrancar o mais rapidamente possível, juntamente com Malta, Grécia, Chipre e Itália, visto que são os países em que a cobertura através desta tecnologia poderia cobrir uma parcela significativa, até 30%, do consumo de eletricidade a um custo competitivo. Já os países do leste europeu ficam atrasados devido às barreiras à instalação de energia solar.

De acordo com os investigadores, as políticas nacionais e regionais que explorassem este potencial poderiam "trazer benefícios a nível de empregabilidade nos setores da manufatura, instalação e operação". Assim, o relatório sugere que uma análise mais atenta dos recursos solares no telhado poderia ajudar os políticos a planear com mais eficiência os programas de energia.

"Os sistemas de cobertura podem cobrir uma demanda tão grande e, se projetados para produzir eletricidade principalmente para consumo local, serão evitados efeitos colaterais como congestionamento da rede e custo de expedição", referem os investigadores.

A área da cobertura, três vezes maior que o Luxemburgo, está disponível e os sistemas poderiam cobrir até 24,4% do consumo de eletricidade da União Europeia. Existem cerca de 7.935 km quadrados de telhados disponíveis que podem produzir cerca de 680.276 GW/hora de eletricidade por ano.

O baixo custo da energia solar em muitos lugares do mundo significa que a eletricidade dos painéis de cobertura pode ter um preço económico, defendem os investigadores.