
Por Ana Barqueira (*)
Atualmente, gerir e tratar dados sem a utilização das tecnologias da informação (TI) é algo impensável. Estas desempenham um papel central na definição de políticas de saúde modernas que dão prioridade ao conhecimento, ao bem-estar e à eficiência profissional. Dado que os sistemas de saúde enfrentam uma procura crescente, devido ao envelhecimento da população, às doenças crónicas e às limitações de recursos, a integração das TI na elaboração de políticas constitui uma resposta estratégica para melhorar os resultados dos doentes e a produtividade dos profissionais de saúde.
Um dos seus grandes contributos passa por facilitar o acesso a informações de saúde fiáveis e personalizadas. Os portais de pacientes, as aplicações móveis e as plataformas de telemedicina capacitam os indivíduos, ao fornecer materiais educativos, históricos médicos, resultados laboratoriais e canais de comunicação direta com os prestadores de cuidados de saúde. Esta maior transparência incentiva o envolvimento dos doentes, o que tem sido associado a uma melhor adesão aos planos de tratamento e a melhores resultados em termos de saúde. Os registos de saúde eletrónicos (RSE) são uma pedra angular dos sistemas de TI modernos, ao permitir a partilha de dados em tempo real entre profissionais e instituições.
Esta interoperabilidade reduz as redundâncias, minimiza os erros e apoia a continuidade dos cuidados - especialmente vital para os doentes com doenças complexas ou crónicas. Os RSE também permitem a análise de dados, ajudando os decisores políticos a identificar tendências de saúde, a afetar recursos de forma eficiente e a conceber intervenções de saúde pública direcionadas.
As ferramentas de TI também apoiam a personalização dos percursos de cuidados. A inteligência artificial e a aprendizagem automática analisam grandes conjuntos de dados para prever os riscos dos doentes, sugerir tratamentos personalizados e otimizar as decisões clínicas, podendo mesmo salvar vidas. Estas tecnologias, não só melhoram a qualidade dos cuidados, como também aliviam a carga cognitiva dos profissionais de saúde, permitindo-lhes concentrar-se mais na interação com os doentes e menos nas tarefas administrativas. Os serviços de telesaúde, acelerados pela pandemia de COVID-19, provaram o potencial dos cuidados à distância para chegar a populações carenciadas ou rurais. Estas plataformas alargam o acesso, mantendo a qualidade, reduzem os encargos com deslocações e libertam recursos presenciais para casos mais urgentes. Como resultado, o sistema de saúde torna-se mais ágil e inclusivo.
Para os profissionais de saúde, os sistemas de TI simplificam os fluxos de trabalho através de agendamento automático, documentação digital e ferramentas de diagnóstico integradas. Estas melhorias reduzem o esgotamento, melhoram a gestão do tempo e permitem que os profissionais dediquem mais atenção ao bem-estar físico e emocional dos doentes.
No entanto, para concretizar todo o potencial das TI, o desenvolvimento de políticas deve abordar desafios como a literacia digital, a privacidade dos dados e o acesso equitativo. As instituições ligadas ao setor da saúde devem investir em programas de formação dos seus colaboradores, garantir o cumprimento das normas de proteção de dados e promover uma conceção inclusiva para evitar o aumento das disparidades na saúde. Em Portugal, sendo do conhecimento público que, de todos os dados gerados no setor da saúde, apenas 5% são geridos e tratados, é urgente agir para não perdermos a oportunidade de avançar e evoluir.
Em conclusão, as TI são um poderoso facilitador das políticas de saúde centradas no conhecimento e no bem-estar dos doentes. Ao apoiar a tomada de decisões com base em dados, ao melhorar a comunicação e ao aumentar a eficiência do sistema, estas ajudam a criar um ambiente de cuidados de saúde reativo que satisfaz as exigências em evolução e capacita tanto os doentes como os profissionais.
(*) Coordenadora da Licenciatura de Gestão de Dados e Tecnologias em Saúde do ISEC Lisboa (Instituto Superior de Educação e Ciências de Lisboa).
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