A Fundação Nacional das Ciências nos Estados Unidos e a SpaceX chegaram a um acordo para minimizar o impacto da constelação de satélites da empresa criada por Elon Musk nas atividades de astronomia. A interferência das comunicações e o reflexo solar dos satélites são duas das questões que têm vindo a tornar-se problemas maiores, à medida que o número de satélites da Starlink na órbita baixa da Terra aumenta. É para minimizar o impacto destas duas questões, que a empresa espacial assumiu um conjunto de compromissos, como relata o Digital Trends.

No que se refere ao impacto ótico, o facto de os satélites refletirem a luz do sol e de hoje esse efeito estar multiplicado por milhares, interfere com a capacidade de observação científica, num céu que antes de ser densamente povoado por satélites era escuro e silencioso. A questão é ainda mais relevante nos satélites que suportam os serviços de internet da Starlink, que estão colocados na órbita baixa da Terra, tornando a sua luz mais visível.

Em conjunto com a Fundação, a SpaceX, que opera os serviços da Starlink, desenvolveu métodos para minimizar este impacto, que vão desde alterações à orientação dos satélites, para refletir menos luz, a pintá-los com cores mais escuras para minimizar o reflexo de luz.

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Para diminuir a interferência nas comunicações rádio, o acordo prevê um conjunto de compromissos para preservar as condições de trabalho dos astrónomos, na frequência usada para esse tipo de observações, entre os 10,6 e os 10,7 GHz.

Os satélites operam numa banda de frequência diferente, mas esta atividade pode ser percetível noutras frequências. Para reduzir essa possibilidade, a SpaceX compromete-se a tomar algumas precauções na operação dos seus satélites, como suspender a transmissão quando estes passarem perto de estações de radioastronomia.

O acordo assinado entre SpaceX e esta fundação norte-americana é um primeiro passo para o equilíbrio entre a exploração científica e económica do espaço, que não tem força de lei, nem garantias de que a SpaceX passará a ter a comunidade científica do seu lado e conivente com o projeto.

A Dark-Sky Association, por exemplo, também nos Estados Unidos, tem um processo em tribunal contra a empresa espacial, através do qual tenta parar a expansão da constelação de satélites da Space-X, com o argumento de que esta está a prejudicar tanto a astronomia amadora como profissional.

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Ainda assim, é visto como um primeiro passo importante para conciliar duas atividades, que sem consenso dificilmente podem coexistir nas condições mais favoráveis para quem as promove. "Estamos a preparar o terreno para uma parceria bem sucedida entre os esforços comerciais e públicos, que permita manter o desenvolvimento de investigação científica importante a par da comunicação por satélite", sublinhou o diretor da NSF Sethuraman Panchanathan.

A Starlink já tem mais de 3.000 satélites em órbita e garantiu uma nova licença para lançar mais 7.500 satélites de nova geração e reforçar a constelação que tem vindo a criar.

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