Em 2018 He Jiankui "chocou" o mundo ao revelar que criou os dois primeiros bebés geneticamente modificados. Depois das várias críticas da comunidade científica, o cientista chinês e dois outros membros da sua equipa foram julgados num tribunal na China por uma "prática médica ilegal", dada a edição de genes de embriões humanos "para fins reprodutivos".
A notícia foi avançada esta segunda-feira pela agência oficial chinesa Xinhua, que afirma que, para além da pena de prisão, He Jiankui terá de pagar uma multa de cerca de 380 mil euros e deixará de poder exercer na área da medicina reprodutiva de forma definitiva. Os seus colegas, Zhang Renli e Qin Jinzhou, também foram condenados a penas de dois anos e 18 meses, respetivamente, além de multas e proibições.
Ao todo foram dez os autores do artigo científico, mas não está claro se os restantes também serão penalizados, tendo em conta que muitas das informações sobre o julgamento não são possíveis de serem verificadas, exceto através de fontes estatais chinesas.
Segundo a notícia, o cientista chinês e seus colegas começaram em 2016 a trabalhar numa forma de manipular o gene CCR5 de uma forma que pudesse tornar os humanos resistentes ao VIH. O tribunal terá garantido ainda que a equipa ajudou na reprodução de "vários casais de pessoas infetadas por VIH" e que, depois de editados, foram implantados em duas mulheres, que acabaram por dar à luz três bebés editados por genes. O julgamento marca assim a primeira vez que as autoridades chinesas reconhecem a presença de um terceiro bebé geneticamente modificado.
O tribunal considera que a técnica de edição de genes não foi "verificada quanto à segurança e eficácia" e que He Jiankui e outros colegas manipularam documentos para convencer pacientes e médicos a participarem no ensaio. A equipa terá dito aos pacientes que faziam parte de um teste de vacina contra a SIDA, não abordando a verdadeira questão: a modificação de genes.
Foi em novembro de 2018 que o cientista chinês revelou que através da edição de genes levou ao nascimento de duas gémeas, Lulu e Nana. De acordo com He Jiankui os embriões foram editados a partir de sete casais infetados com VIH e as bebés foram manipuladas para resistir ao HIV. Mas desde cedo que a comunidade científica criticou a atuação do cientista.
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