Já existem bons exemplos de smart cities em Portugal, como Cascais ou Porto, mas o responsável pela divisão de cidades inteligentes da IBM, António Pires dos Santos, colocou logo água na fervura. "Há cidades avançadas, mas a realidade do país não está. Ainda há muito, muito a fazer", defendeu o porta-voz da tecnológica.

E este foi o ponto de partida do painel que discutiu o tema das smart cities no 25º Congresso das Comunicações, organizado pela APDC. Um dos temas que acabou por ser mais discutido foi a questão da mobilidade e a forma como está a evoluir, mas ao mesmo tempo a tornar-se mais complexa. Já não são só carros, autocarros e comboios. Novas formas de transporte, novas empresas e o surgimento dos serviços partilhados estão a criar um cenário mais denso, mas que para a diretora executiva da Novabase, Carmo Palma, só pode ser solucionado com soluções integradas.
"A mobilidade está mais complexa, mas a tecnologia serve para resolver estes desafios", disse, apontando a falta de uma aplicação que permita gerir de fio a pavio, desde o planeamento ao pagamento, a mobilidade dentro das cidades através do telemóvel. "Ainda não estamos lá, na parte da solução integrada. Falta por exemplo alinhamento entre os operadores de transportes", acrescentou.
Mas a temática da mobilidade não pode ser vista de forma isolada, considerou Vladimiro Feliz, responsável da organização CEIIA. "Identificar as prioridades, escolher as prioritárias e atuar de forma sustentada para ir respondendo a esses desafios" é o caminho a seguir defendeu, dando depois um exemplo: "os veículos autónomos vão ser apenas uma parte da mobilidade".
A evolução orgânica, aquela que tem origem nas necessidades reais dos utilizadores, vai acelerar algumas revoluções como a dos automóveis inteligentes e não só. "Será sempre o mercado a acelerar e a desacelerar os processos. Isto coloca pressão no investimento público, nos politicos e também na regulação", explicou Vladimiro.
E por que é a mobilidade um assunto tão crítico? "Acho que o valor mais importante que as pessoas procuram é ter tempo. Por isso andam sempre à procura de melhores ferramentas, melhores tecnologias e maior simplificação", defendeu o diretor de negócio da PT Portugal, João Sousa. "O mercado tem muita força, o desenvolvimento das ferramentas aparece por necessidade. Temos de estar preparados para perceber o que o mercado quer para estarmos preparados para responder".
O exemplo que vem logo à cabeça é o da Uber, mas não é o único. Há mais startups que estão a 'partir' o mundo através dos seus modelos disruptivos, sendo a Airbnb mais um caso.
E a situação é esta: soluções há muitas e inovadoras, agora a questão da integração é um desafio maior. A forma como estas soluções são potenciadas terá de passar obrigatoriamente pelos decisores, salientou o diretor de gestão da GFI, Nuno Santos. E este é um passo importante para que possam existir cada vez mais experiências positivas relacionadas com as smart cities, defende.
"As experiências positivas podem ajudar de facto a acelerar a adoção de outra atitude por parte de mais municipios", considerou Nuno Santos, que deu ainda uma dica importante: os municípios precisam de ter pessoas dedicadas a pensar o conceito de cidade inteligente, pois só quando há esta vontade é que os projetos passam do papel à concretização e aos resultados práticos.

E para quem nunca pensou no tema, por onde começar? O presidente da Ericsson Portugal, Pedro Queirós, detalhou os três níveis no quais é necessário trabalhar: o primeiro é o das redes e dos sensores que fazem a recolha da informação e potenciam os sistemas inteligentes; o segundo nível passa pela cloud e pelas ferramentas de analítica, não só do ponto de vista de dar sentido à informação, mas também na ideia de disponibilizar estes dados de forma pública de maneira a ser usada pelas empresas; e por fim Pedro Queirós acredita que o vídeo assumirá um papel importante nas cidades inteligentes, através de tarefas remotas por exemplo.
Tudo isto sem esquecer a segurança. Esse foi o papel que a diretora-geral da Cisco, Sofia Tenreiro, trouxe para a mesa. À audiência explicou que os riscos estão a aumentar e a ficar mais sofisticados, mas considera que o objetivo não é criar medo, mas sim alertar para as consequências negativas reais que um cenário de cidade inteligente também pode comportar.

A executiva lembrou os casos de malware que entram nas infraestruturas das empresas, ficam por lá adormecidos e quando são descobertos, já os danos se acumularam. Por este motivo a tecnológica norte-americana já tem cinco mil colaboradores na área da cibersegurança e aposta uma boa parte das 'fichas' nas tecnologias que conseguem antecipar ataques.

O 25º Congresso das Comunicações da APDC decorreu nos dias 25 e 26 de novembro, no Centro Cultural de Belém em Lisboa, e termina hoje, reunindo mais de uma dezena de painéis onde participam 99 oradores e que abordam os principais temas do sector das comunicações e TI.

 

O TeK está a acompanhar a conferência, pelo que o convidamos a acompanhar aqui todas as novidades.

 

Rui da Rocha Ferreira

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