Numa intervenção durante a Web Summit de Kai-Fu Lee, fundador e CEO da Sinovation Ventures e Simon Segars CEO da Arm, colocou-se na mesa o tema da inteligência artificial e os seus benefícios para a humanidade. A tecnologia afeta toda a gente, não só nos computadores, mas nos eletrodomésticos e qualquer equipamento à nossa volta.

Kai-Fu Lee refere que a sua empresa tem investido em diversas áreas, mas a inteligência artificial tem sido o seu principal foco, tendo na sua carteira sete unicórnios ligados a este universo. Destaca o uso da IA em indústrias convencionais e como esta vai ter impacto nos próximos anos no seu desenvolvimento.

Num recente livro escrito pelo CEO da Sinovation Ventures, refere como a IA evoluiu em diversas áreas, e nos últimos dois anos, depois de o ter publicado, sente que a pandemia veio acelerar muitos dos indicadores que apontou. O que mudou foi que os cientistas chineses estão lado a lado com os Estados Unidos na publicação de estudos científicos. A pandemia acelerou os processos, salientando a forma como mudou a escola, a arte, a música e diversas áreas oferecendo uma sala de aula virtual, com a ajuda da IA. As aplicações de rastreio da doença também têm sido beneficiadas com a exploração da tecnologia.

Kai-Fu Lee, fundador e CEO da Sinovation Ventures e Simon Segars CEO da Arm
Kai-Fu Lee, fundador e CEO da Sinovation Ventures e Simon Segars CEO da Arm Kai-Fu Lee, fundador e CEO da Sinovation Ventures e Simon Segars CEO da Arm.

Simon Segars destaca que basta um simples sinal de GPS, Bluetooth e pequenos processadores para conseguir-se fazer “milagres” tecnológicos, dos simples monitores de saúde, por exemplo. A preocupação do líder da Arm é convencer os reguladores que a aceleração tecnológica é benéfica, apelando à indústria que demonstre isso mesmo, ainda que considere que há um longo caminho pela frente. Confiar em algoritmos gerados pela IA são desafios que necessitam ser ultrapassados, salienta.

Devido à pandemia, as pessoas passam também mais tempo online, seja para fazer compras ou encomendar comida. Para Kai-Fu Lee, é necessário aproveitar essa procura de produtos online, revelando que os pagamentos, as entregas e todas as áreas ligadas ao e-commerce receberam um “boost” devido à necessidade de se adaptar. É gerado cada vez mais dados que devem ser analisados para proceder a modelos de previsão e dessa forma criar tecnologia que ajude as pessoas neste ciclo.

“Lembrem-se que quando ligámos os nossos PCs pela primeira vez à internet, foi uma inundação de vírus, levando as pessoas a obterem antivírus, que colocavam em causa a privacidade dos utilizadores”. Atualmente as coisas não estão diferentes e acredita que a tecnologia tem de ser regulada para proteger as pessoas, mas salienta que no caso da IA, esta não é tendenciosa, mas sim, os humanos que a programam e treinam, e por isso há que haver regulação para controlar.

E sobre a IA roubar os empregos das pessoas? Simon Segars acredita que a IA vai aumentar o que as pessoas vão poder fazer. Melhorar a forma como os médicos analisam as pessoas, e não analisar as pessoas. Kai-Fu Lee concorda, acrescentando que a IA é simbiótica com os trabalhos e que se as pessoas forem boas no que fazem, serão beneficiadas. Mas acredita que os trabalhos repetitivos serão substituídos, desde as linhas de montagem, os call centers ou mesmo as empregadas de mesa, por serem atividades rotinadas, serão trocadas pela IA. Ainda assim, não acredita que chegue de uma vez, e por outro lado, venha a ajudar a criar novos empregos que ainda não foram sequer inventados. Acredita que a IA vá criar mais empregos do que roubar os existentes.

O COVID-19 veio mesmo acelerar a tecnologia, obrigando as empresas a recorrerem à sua digitalização para sobreviverem. E Kai-Fu Lee acredita que quando muitas das pessoas regressarem aos escritórios, no pós-pandemia, poderão não encontrar os seus trabalhos como reflexo dessa rápida explosão tecnológica. Sobre os dados, o facto de a informação pública não estar etiquetada e organizada, ainda existem alguns entraves a acedê-la. Mas acredita que, com a regulação correta, se possa aceder a dados privados, como os elementos médicos, e se possa melhorar, em muitos aspetos, as vidas das pessoas.

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