A chinesa DeepSeek pode ter usado tecnologia da OpenAI para treinar o modelo de inteligência artificial generativa que disponibilizou esta semana. A possibilidade estará a ser investigada pela OpenAI e pela Microsoft, principal investidor na tecnologia, depois de terem sido identificadas algumas pistas nesse sentido, avança a Bloomberg. A DeepSeek apresentou o seu modelo de inteligência artificial ao mundo esta semana e fez estremecer o mercado nos Estados Unidos. Sam Altman, co-fundador e CEO da dona do ChatGPT, foi um dos que elogiou a tecnologia.

Um dos tópicos de debate da semana, por causa do lançamento, tem sido aliás o investimento associado ao desenvolvimento do modelo chinês e ao dos modelos das concorrentes americanas. A DeepSeek diz estar a gastar uma parcela ínfima, para chegar a resultados que parecem ter consistência para desafiar a concorrência e que convergem para uma plataforma aberta, algo que pode contribuir para acelerar muito os desenvolvimentos associados e a utilização da tecnologia.

Estados Unidos avaliam as implicações de segurança nacional da Inteligência Artificial da chinesa DeepSeek
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Claro, que se a tecnologia for copiada estará aí uma das explicações para a diferença nos volumes de investimento que cada empresa precisa para chegar ao mesmo ponto.

As suspeitas indicam que a DeepSeek pode ter usado a API da OpenAI para integrar os modelos de IA da OpenAI nos seus próprios modelos, de forma abusiva. Surgiram depois de investigadores da Microsoft identificarem que tinham sido exfiltradas grandes quantidades de dados através de contas de programadores com acesso à tecnologia da OpenAI, no final de 2024. Suspeita-se que estas contas possam ser de afiliados da DeepSeek.

Ao Financial Times, fonte da OpenAI confirmou as mesmas suspeitas, indicando que foram encontradas provas de utilização de uma técnica comum para treinar modelos de IA - ainda não foram reveladas quais. A técnica em questão chama-se destilação de conhecimento e é usada no treino de modelos mais pequenos e compactos, para imitarem modelos maiores e mais complexos. Usar a API da openAI para este fim viola os termos do serviço, que permite a integração com a tecnologia da marca, mas não este tipo de processo.

Em declarações à Fox News, esta terça-feira, o czar da administração Trump para a área da inteligência artificial, David Sacks, admitia que “é possível” que tenha havido um roubo de IP. “Há provas substanciais de que o que a DeepSeek fez aqui foi destilar conhecimento dos modelos da OpenAI e parece-me que a OpenAI não está muito feliz com isso”.