Dois satélites comerciais acoplaram hoje um no outro, graças a uma manobra inédita que pode mudar a forma como exploramos o espaço. Caso a fase final da missão seja bem-sucedida, tornar-se-á possível recolher "lixo cósmico" - leia-se, peças e aparelhos, em órbita, que já não estão a ser operados por qualquer agência ou empresa.

"Esta é a primeira vez que uma acoplagem é concretizada com um satélite que não estava desenhado para o efeito", disse Joe Anderson, vice-presidente da Space Logistics, numa conferência de imprensa. A empresa em questão faz parte da Northrop Grumman e foi responsável por monitorizar a missão que terminou com a primeira acoplagem entre dois satélites comerciais.

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Após 19 anos no espaço, o satélite Intelsat 901 estava em vias de ficar sem combustível. Se nada fosse feito para o recuperar, a equipa terrestre perderia o controlo do aparelho. Há um par de anos, a Intelsat decidiu iniciar uma missão que consistiu no envio de um segundo satélite - o MEV-1 - para prolongar a vida útil do 901 por mais cinco anos. As máquinas cruzaram-se em outubro de 2019 e, agora que a ligação foi estabelecida, será possível controlar ambos os satélites através do MEV-1.

O sucesso desta iniciativa é uma meta importante para a indústria, que há vários anos almeja conseguir algo do género. A reparação de satélites em órbita pode poupar vários milhões às empresas do sector e reduzir o lixo espacial que a indústria gera como consequência da sua atividade.

No passado, outras missões foram lançadas com o intuito de reparar satélites de serviço, mas todas elas foram tripuladas. Neste caso, o satélite foi remotamente recuperado e, quando deixar de funcionar, deverá ser largado numa zona da atmosfera terrestre onde, em vez de flutuar para a eternidade, possa arder e desfazer-se em cinzas.

A Northrop Grumman vai lançar o MEV-2 em breve. O satélite terá um objetivo semelhante.

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