Steve Jobs fez os possíveis para explicar a recusa da Apple em suportar o Flash da Adobe no seu sistema operativo para iPhone e iPad, mas as justificações não convenceram a Adobe, que apresentou uma queixa aos reguladores norte-americanos.

Embora não tenha admitido oficialmente, a Federal Trade Commission estará a investigar a possível violação das leis da concorrência com o bloqueio a ferramentas de desenvolvimento de terceiros, incluindo o Flash, e o New York Post avança agora que também a Comissão Europeia vai iniciar uma investigação sobre este caso.

A investigação da FTC decorre desde Junho e abrange todas as limitações impostas pela Apple. O regulador do mercado norte-americano recusou-se a fornecer informação sobre a queixa que a Adobe terá entregue contra a empresa de Steve Jobs, um documento de mais de 180 páginas, o que deu azo a especulações sobre a existência de um procedimento por violação da concorrência.

Se a Comissão Europeia se juntar a este processo, a Apple pode enfrentar dificuldades de ambos os lados do Atlântico. E qualquer das autoridades já mostrou que o poder de mercado significativo aliado a práticas contra a interoperabilidade podem levar a multas chorudas, como exemplificam os casos da Intel e da Microsoft.

Embora possa não se centrar apenas na recusa de suporte ao Flash no sistema operativo móvel iOS, usado no iPhone e no iPad, a investigação das autoridades pode bem partir desta “nega” da Apple, que tem gerado enorme discordância da comunidade de TI.

Recorde-se que, para contornar o bloqueio da Apple ao Flash, a Adobe criou uma aplicação que permitia aos programadores portar o software escrito para Flash para o sistema operativo do iPhone, mas a Apple decidiu banir as aplicações que tivessem sido criada em linguagens não nativas do iOS.

Numa carta aberta, Steve Jobs tinha justificado a opção da empresa, fazendo várias críticas ao Flash e afirmando que este nem sequer é seguro ou estável, considerando-o pouco adequado à actual era de mobilidade e interfaces baseados em ecrãs de toque.

Esta é porém uma guerra que ainda estará nos primeiros passos. A investigação da FTC, e da Comissão Europeia, poderá demorar vários meses a dar resultados, mas os esforços para correr Flash no iOS passam também por iniciativas independentes, como a de um hacker que criou uma ferramenta, o Frash, especificamente com essa finalidade.

O Frash já tinha sido lançado pelo hacker Comex para iPad e foi agora disponibilizado para o iPhone 4, mas só se o sistema estiver desbloqueado - com o jailbreak que já foi considerado legal nos Estados Unidos - prometendo executar todas as aplicações Flash bloqueadas pela Apple.