O tema da transformação digital já invadiu a grande maior das conferências e debates sobre Tecnologias da Informação e não faltou na conferência anual da IDC em Portugal, o IDC Directions, que se realiza hoje no Centro de Congressos do Estoril. Mas apesar do trabalho que tem sido feito há um “gap digital” que está a aumentar rapidamente entre as organizações portuguesas e as líderes mundiais e que nos últimos dois anis duplicou e passou de 7 pontos percentuais em 2015 para 15 pontos percentuais em 2017, destacou o CEO da IDC Portugal na abertura da conferência.
Em 2019 as organizações de todo o mundo vão gastar mais de 2,1 biliões de dólares em tecnologias e soluções relacionadas com iniciativas de transformação digital, um número que Frank Gens, vice presidente sénior e chief analyst da IDC usou para mostrar a importância do tema, garantindo que a mudança é “uma bomba relógio”.
As tecnologias da terceira plataforma dominam esta transformação, mas a base de tudo está na cloud, como assume o responsável da IDC. “Blockchain, machine learning, reconhecimento de imagem, serviços de suporte IoT, entre outras - foram lançadas através de serviços de cloud computing. Se a sua organização não estiver ligada a esta infraestrutura como é que vai inovar?", sublinha.
Os oradores que passaram pelo palco do IDC Directions foram mostrando claramente como as empresas portuguesas estão comprometidas com a transformação digital, com as fornecedoras de soluções a defenderem os benefícios da mudança e os ganhos conseguidos na diferenciação perante a concorrência.
Zoran Radumilo, da SAP, partilhou alguns números, afirmando que 72% dos CEOs acreditam na aceleração da transformação e que os próximos três anos vão ser mais críticos para a sua indústria do que os últimos 50 anos, mas que por enquanto apenas uma percentagem mínima das organizações incorporaram o digital de forma a diferenciarem-se da concorrência, pelo que há ainda um longo caminho a percorrer.
Do lado das empresas portuguesas essa mudança está a ser feita, e a Altice, Fidelidade e a EDP mostraram que para além dos investimentos necessários esta é uma mudança de cultura. Mesmo assim a aptidão e interesse que existe para a digitalização pode ainda não refletir-se ainda nos processos de negócio, como reconheceu Alexandre Fonseca, CTO da Altice Portugal.
E na administração pública? O cenário não é tão positivo, como reconhece Jaime Quesado da ESPAP, lembrando que o Estado é uma máquina muito complexa, que nem sempre há capacidade de investimento, e que algumas instituições importantes têm apenas dois ou três informáticos.
Nas várias intervenções a cloud é considerada uma tecnologia incontornável, mas no horizonte das organizações nacionais estão também outros temas como o blockchain, a IoT e a inteligência artificial, que a IDC considerada como tecnologias “aceleradoras”.
Ainda ontem a IDC divulgou os últimos dados de investimento mundial em tecnologias da informação e comunicação, admitindo que a tendência será de aceleramento nos próximos cinco anos, graças ao crescimento de novas tecnologias como a Internet das Coisas (IoT), robótica, realidade aumentada e virtual e computação cognitiva e inteligência artificial. E como resultado da aceleração de investimento nestas áreas os gastos em TIC vão voltar a crescer duas vezes acima dos valores de aumento da economia global.
Segundo os dados, os gastos em TIC vão passar de 4,3 biliões de dólares em 2016 para os 5,6 biliões em 2021, representando uma taxa de crescimento anual composta de 6%.
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