As características do programa e-escolinha foram definidas pelo Governo e pelos operadores, garantiu esta terça-feira o secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos, em mais uma audição parlamentar sobre a Fundação para as Comunicações Móveis. O governante foi ouvido pelos deputados durante cerca de 7 horas, numa das últimas audições marcadas no âmbito desta comissão de inquérito.

Paulo Campos referiu que as especificações para o computador que seria distribuído aos alunos do 1º Ciclo foram feitas depois de "um conjunto de trabalhos preparatórios de interacção para chegar a uma proposta que foi remetida formalmente [pelo Governo]", cita a Lusa.

Em resposta ao deputado do PSD Jorge Costa, o responsável político negou a existência de coincidências entre as características definidas pelo Governo e o computador da JP Sá Couto. "Rejeito em absoluto a afirmação do senhor deputado de que as características apontavam para o Magalhães", sublinhou.

Segundo o secretário de Estado, existiam pelo menos nove modelos com as características técnicas definidas e ainda mais sete modelos disponíveis no mercado internacional.

Paulo Campos garantiu que, nos requisitos definidos pelo Governo "não há qualquer factor distintivo, nem a pega nem a cor" e apontou o preço como o único factor que distinguia o computador da JP Sá Couto dos possíveis concorrentes. "O preço dos restantes computadores era de cerca de 400 euros à data do programa [e-escolinha]. O preço que colocámos foi de 213 euros. Esse é talvez o factor diferenciador", esclareceu.

As declarações de Paulo Campos diferem das feitas pelos presidentes das operadoras à mesma Comissão de Inquérito, que negaram qualquer influência no alinhamento das definições do computador e que chegaram a referir que o Magalhães era o único computador que respondia às exigências definidas nos requisitos do e-escolinha, "nomeadamente técnicos, prazos, reparação e sobretudo de preço", indicou Ângelo Paupério, da Sonaecom.