O concurso público lançado pelo Ministério da Educação para a manutenção do equipamento sem garantia “ficou vazio, não teve propostas”, como já tinha revelado Fernanda Ledesma, presidente da direção da Associação Nacional de Professores de Informática (ANPRI) ao SAPO TEK.

O Jornal de Notícias avança que a tutela lançou um novo concurso para a aquisição de serviços de reparação e recondicionamento de equipamentos. Os diretores das escolas têm até amanhã para responder a um levantamento concebido para aferir a possibilidade de as escolas com mais computadores os transferirem para as que têm menos.

Em declarações ao jornal, o Ministério da Educação afirma que o número de computadores disponíveis nos estabelecimentos de ensino “é suficiente para a realização das provas que estão previstas em formato digital”.

Este ano, os alunos do 2º, 5º e 8º anos vão voltar a fazer provas de aferição em formato digital. Além disso, as provas finais nacionais do 9º ano serão também realizadas em suporte eletrónico.

Por outro lado, os presidentes das associações de diretores alertam que há cada vez mais computadores avariados. Segundo Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), não há condições para “se garantir uma avaliação equitativa para todos os alunos”.

A par da ANDE, também a Confederação das Associações de Pais (CONFAP) expressa preocupação com o crescente número de computadores avariados nas escolas. Em declarações à Antena 1, Mariana Carvalho, presidente da CONFAP questiona se faz sentido avançar com provas digitais num cenário como este.

Provas de aferição digitais vão avançar. Professores de informática queixam-se da falta de condições
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As situações problemáticas registadas durante as primeiras provas de aferição em suporte digital continuam a persistir, para as quais a ANPRI alertou novamente numa posição enviada às escolas, a qual o SAPO TEK teve acesso.

Recorde-se que, a par da falta de computadores em condições adequadas, há também uma falta de técnicos de informática. “As escolas, continuam, salvo boas e raras exceções, sem técnicos de informática para dar apoio a estes equipamentos”, detalhou Fernanda Ledesma.  As funções que seriam realizadas por técnicos acabam por ser relegadas para os professores de informática, “muitas vezes contra a sua vontade”.

O SAPO TEK sabe que terá sido enviada aos diretores das escolas uma convocatória para professores, para a participação em sessões de formação na área de capacitação para a aplicação de provas de avaliação em suporte eletrónico.

“Não existe atualmente nenhuma legislação ou normativo que regule estas funções”, realçou a presidente da direção da ANPRI, “por isso temos muitas dúvidas da legalidade da atribuição destas funções e também da convocatória para formação sobre serviço que deveria ser desempenhado por técnicos de informática”.