Numa conferência conjunta com os Serviços Secretos norte-americanos, o FBI e a Interpol, a Microsoft anunciou hoje a criação de um programa de combate à criação de vírus, o Anti-Virus Reward Program, que a empresa vai dotar de fundos no valor de 5 milhões de dólares. Este programa pretende auxiliar as entidades competentes a identificar e condenar criadores de vírus, worms e outros códigos maliciosos que afectem a segurança na Internet.



Integrado neste programa está a definição de uma recompensa de 250 mil dólares a atribuir a quem fornecer informação que leve à captura dos responsáveis pela criação do worm MSBlast.A, somada a outros 250 milhões para os delatores do criador do vírus Sobig. Recorde-se que o worm MSBlast foi desenhado para atacar o site Windows Update da Microsoft e que, apesar de terem sido feitas duas prisões ligadas às variantes B e C do worm, ainda não se conseguiu identificar o criador da versão original. Da mesma forma não foi ainda preso o responsável pelo vírus Sobig que já teve diferentes versões, todas igualmente destrutivas.



Esta iniciativa de oferecer recompensas pela captura de hackers que tenham criado vírus informáticos é inédita por parte de uma empresa, assemelhando-se às recompensas para informações que ajudem a identificar criminosos perigosos. Apesar da Microsoft ter organizado uma conferência conjunta com os Serviços Secretos, o FBI e a Interpol, a iniciativa da recompensa é apenas da empresa e não destas organizações, que salientaram porém o seu empenho no combate ao cibercrime e elogiaram esta aliança entre as entidades federais e uma empresa privada.



A este movimento da Microsoft não é alheio o facto da empresa ser uma das principais visadas pelo MSBlast e o Sobig. Enquanto o primeiro dirigia os ataques ao site Windows Update, o Sobig identificava como remetente das mensagens infectadas os serviços de suporte da Microsoft.



Mas esta não é a primeira vez, nem será provavelmente a última, que isto acontece. A Microsoft é alvo dos maiores "ódios de estimação" de muitos hackers e crackers, sendo por isso um dos objectivos preferidos dos ataques informáticos. A verdade é que a inusitada onda de ataques deste Verão acabou por em causa os sistemas de segurança montados pela empresa e a própria fiabilidade do seu software, o que causa danos enormes em termos da imagem passada aos clientes e foi alvo de diversas abordagens da direcção da empresa para uma mudança de "estratégia".



Em comunicado, a Microsoft indica que qualquer pessoa em qualquer país do mundo pode "candidatar-se" a estas recompensas agora definidas, dependendo porém das leis internas do país, já que a criação de vírus é um problema que afecta a comunidade mundial da Internet.



"Ao mesmo tempo que trabalhamos para tornar o nosso software mais seguro e educar os nossos utilizadores para se protegerem melhor, estamos a trabalhar para identificar o comportamento criminoso que causa estes problemas", referiu Brad Smith, vice-presidente sénior e conselheiro geral da Microsoft, citado em comunicado de imprensa. Este responsável adiantou ainda que estes não são crimes virtuais, mas reais, que afectam muita gente. "Os que disseminam vírus na Internet são os sabotadores do ciberespaço e a Microsoft quer ajudar as autoridades a apanhá-los", complementa.

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